Quatro horas de audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) não foram suficientes para que motoristas e cobradores do transporte coletivo, empresas de ônibus, Urbs e Comec chegassem a um acordo sobre o reajuste dos trabalhadores. Com isso, a greve de ônibus em Curitiba continua.
Uma nova audiência foi marcada entre as partes para a próxima terça-feira (21) na tentativa de buscar um novo acordo. Caso as partes não entrem em um consenso na próxima terça, o dissídio coletivo deve ir a julgamento.
Tempo real: terceiro dia da greve de ônibus complica ainda mais a vida dos passageiros
Durante a reunião, não houve nova proposta do Setransp, sindicato patronal, que continuou oferecendo um reajuste de 5,43% - índice da inflação. O Sindimoc, sindicato que representa os motoristas e cobradores, pede 15% de aumento salarial e elevação do vale-alimentação de R$ 500 para R$ 977.
A desembargadora Marlene Suguimatsu, que comandou a audiência, pediu para que as partes conversem já na segunda-feira (20), na tentativa de encontrar uma saída para a greve. A magistrada pediu um esforço do Setransp, Urbs e Comec na tentativa de elevar a proposta. Ao mesmo tempo, solicitou ao Sindimoc que repense o reajuste de 15% solicitado. “É preciso de haja um esforço de todos na tentativa de alcançar um acordo. Porém, é preciso trabalhar com patamares reais. Se tem visto poucos acordos em que os trabalhadores recebem um pequeno aumento real acima da inflação. Se a demanda for a julgamento, minha experiência diz que o aumento pedido não acontecerá”, disse.
O Sindimoc informou que vai conversar com a categoria, mas que não fará assembleias antes da audiência marcada para terça-feira.
Durante a audiência, as partes discutiram longamente vários fatores que interferem no valor da tarifa de ônibus, mas pouco se falou sobre a possibilidade do aumento pedido pelos trabalhadores ser concedido. Enquanto o Sindimoc não abriu mão do porcentual, o Setransp não apresentou contraproposta além do índice da inflação.
Multa poderá dobrar
Enquanto a audiência acontecia no TRT, várias denúncias começaram a surgir de que cobradores estavam sendo retirados das estações-tubo e de que os passageiros eram impedidos de entrar. Alguns cobradores afirmaram que deixaram os postos por ordem do Sindimoc.
Na audiência, a desembargadora Marlene Suguimatsu chegou a citar a denúncia de que os cobradores não estariam trabalhando por ordem do sindicato dos trabalhadores e cogitou a possibilidade de dobrar a multa atualmente estabelecida em caso de descumprimento da liminar que garante 50% da frota circulando em horários de pico e 40% em horários normais. “Se essa denúncia se confirmar, eu vou dobrar a multa. Isso aqui não é uma brincadeira. Vocês não são donos do direito de greve”, disse a desembargadora. Atualmente, a multa é de R$ 100 mil por hora e poderia passar a R$ 200 mil.
No centro da cidade, a informação é de que passageiros esperaram ônibus biarticulados como o Centenário-Campo Comprido e Pinhais-Rui Barbosa por mais de 1h30. De acordo com o Setransp, 60 estações-tubo ficaram sem cobradores. A Urbs precisou trocar os ônibus biarticulados por outros veículos articulados, com cobradores, para que o sistema voltasse ao operar no eixo Leste-Oeste da capital paranaense.
O Sindimoc negou que tenha tirado os trabalhadores dos postos de trabalho e afirmou em nota que está buscando identificar quem, de acordo com o sindicato, se passou por membros da entidade.
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