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Sting: sem dom para as rimas | Arquivo Gazeta do Povo
Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

Pagamento - Ocupação ameaça salários

A reitoria da UFPR afirma que, devido à ocupação do prédio administrativo, os salários de professores e técnicos podem estar ameaçados. Além disso, os três restaurantes universitários devem fechar a partir de amanhã. De acordo com o reitor, Carlos Augusto Moreira Júnior, seria necessário que os servidores tivessem acesso ao prédio para fazer os pagamentos e para fazer encomendas de alimentos para os restaurantes.

Os alunos dizem que se trata de uma manobra da reitoria, que estaria tentando jogar a comunidade acadêmica contra o movimento estudantil. Os estudantes dizem ainda que já se dispuseram a deixar entrar um funcionário no prédio caso seja preciso. "Não vou constranger um funcionário, fazer ele passar por um corredor polonês de alunos", diz o reitor.

A reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR) permanecerá ocupada pelos estudantes. A reunião de ontem do Conselho Universitário que tentou resolver o impasse terminou sem qualquer votação e não há data para um novo encontro. Os alunos, que tomaram o edifício há uma semana, ficaram frustrados com o resultado e decidiram continuar o protesto.

A polêmica que levou à ocupação diz respeito ao Reuni, programa de reestruturação universitária proposto pelo governo federal. O Ministério da Educação criou um pacote que está sendo oferecido a todas as universidades federais. As instituições que quiserem participar terão de cumprir várias metas estabelecidas pelo governo – a maioria tentando aumentar o número de vagas na universidade pública. Em troca, o ministério promete liberar mais verbas.

Os alunos dizem que só deixam a Reitoria se o Conselho Universitário – entidade máxima de decisão da UFPR – delegar a decisão sobre o tema, marcando um plebiscito. Na reunião de ontem, depois de mais de quatro horas, o reitor, Carlos Augusto Moreira Júnior, afirmou que não havia condições de votar nada e encerrou a sessão.

A discussão acalorada marcou a diferença de pensamento da reitoria em relação aos alunos. A administração apresentou um trabalho que adapta a UFPR a todas as exigências do governo. Pelos planos, a universidade criaria 21 cursos de graduação e 24 de pós-graduação. Aumentaria a proporção de alunos por professor dos atuais 14 para 18 e se comprometeria a reduzir a evasão. Com o investimento, aplicaria R$ 25,5 milhões na construção de novos prédios, R$ 22,7 milhões em equipamentos e R$ 9,9 milhões em infra-estrutura. Também haveria contratação de professores e técnicos.

Os alunos chamam o plano de ditatorial, por ter sido feito via decreto. Afirmam ainda que a qualidade da universidade pública está em jogo. Segundo eles, a UFPR pode se transformar apenas em uma máquina de emitir diplomas. Para conseguir os 90% de aprovação, os professores seriam obrigados a aprovar os alunos mesmo que eles tivessem baixo rendimento. E o aumento de alunos por sala de aula prejudicaria o aprendizado.

No fim da discussão, o reitor fez uma proposta e colocou em votação. A idéia era de que os 51 conselheiros consultassem os grupos que representam e voltassem para decidir sobre o plebiscito na próxima reunião. Os alunos não aceitaram – disseram que o plebiscito tinha de ser decidido ainda ontem ou a ocupação continuaria. "Acredito que a proposta que eu fiz era boa para todos, mas os estudantes não aceitaram", afirmou o reitor. Moreira diz que agora a consulta que os conselheiros farão pode demorar. E afirma não ter pressa para desocupar a reitoria. "Eles podem ficar lá três meses, por mim", disse.

Os estudantes voltaram para o prédio da Reitoria e disseram que de lá não saem enquanto não obtiverem a promessa do plebiscito. Ainda não há data para a nova reunião do conselho.

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