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Sem confronto, PM inicia desocupação de fazenda

Fêmea de chimpanzé com filhote: "assassina por natureza" ou por graça das circunstâncias? | Reuters/Arquivo
Fêmea de chimpanzé com filhote: "assassina por natureza" ou por graça das circunstâncias? (Foto: Reuters/Arquivo)

Jundiaí do Sul – Nem bem tinha amanhecido ontem quando quatro viaturas da Polícia Militar fecharam a estrada que dá acesso à Fazenda Monte Verde, em Jundiaí do Sul, no Norte Pioneiro, para iniciar a operação de desocupação da última propriedade rural invadida na região. Por volta das 8 horas, o comandante da operação, major Ayrton Sérgio Diniz, e um oficial de Justiça entregaram aos líderes do Movimento dos Agricultores Sem-Terra (Mast) a ordem de reintegração.

A ação estava planejada há dez dias, mas a possibilidade de um confronto – anunciado pelos próprios sem-terra – e a necessidade de uma estratégia para ultrapassar barreiras construídas pelos invasores fez com que a PM fosse adiando a desocupação. A fazenda estava invadida desde agosto do ano passado.

A operação contou com 70 viaturas, caminhões e ônibus, num total de cerca de 400 PMs. Durante a operação, os policiais romperam a principal porteira da fazenda e de posse de motosserras foram retirando as árvores derrubadas para dificultar a passagem das viaturas. Porém, a dificuldade para chegar a todos os barracos espalhados pelos 1.389 hectares da fazenda prejudicou a ação da polícia. Para vasculhar cada pedaço da área, eles tiveram de improvisar passagens sobre rios e córregos usando pranchões de madeira e abrindo caminho no meio do pasto. Mesmo assim, a maioria dos PMs só conseguiu chegar à sede da fazenda a pé.

Apesar de todo esforço, ainda no começo da tarde, a retirada das famílias de sem-terra não tinha começado. A previsão inicial era de que todos os invasores fossem despejados até as 18 horas de ontem, porém, até esse horário, pouco mais de 30 famílias tinham sido retiradas da fazenda. A PM não faz projeções, mas pela dificuldade em localizar barracos e fazer o transporte, é bem provável que a retirada só seja concluída amanhã à tarde.

As famílias estão sendo alojadas a poucos metros da porteira da fazenda. O major Diniz intermediou um acordo entre os proprietários da fazenda e os líderes da invasão, garantindo-lhes o direito de fazer a colheita dos quase mil hectares ocupados com milho, feijão, arroz e abóbora.

Porém, o clima não foi tão pacífico. O coordenador regional do Mast, Pedro Luiz Xavier, disse que a PM não respeitou outro acordo, o de preservar as casas de madeira e a cobertura de telhas de amianto das moradias ocupadas pelas famílias, e passou a usar de força tão logo a imprensa deixou o local. O comandante da operação não foi localizado para comentar as acusações.

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