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Campo Mourão – Por falta de recursos para comprar medicamentos básicos utilizados em cirurgias, como antibióticos, soro, luvas descartáveis e água destilada usada para diluir medicamentos, a Santa Casa de Campo Mourão, na Região Centro-Oeste do estado, começou na semana passada a cancelar todas as cirurgias agendadas. Somente essa semana, 28 já foram desmarcadas e não há previsão para sua realização.

As internações são feitas apenas em casos emergenciais, e quem vem de outros municípios só é atendido se a prefeitura de sua cidade enviar junto um kit de medicamentos, explica a enfermeira-chefe de internações clínicas, Ludimila Alves Rodrigues. O presidente da Santa Casa, Dilmar Daleffe, conta que o hospital começou a passar por uma crise financeira desde a sua abertura, em 2002, por falta de repasse de recursos. Em conseqüência, o acúmulo de dívidas atualmente ultrapassa R$ 1,3 milhão.

Os gastos mensais do hospital são de R$ 500 mil, enquanto a receita é de R$ 326 mil – o Sistema Único de Saúde (SUS) envia cerca de R$ 200 mil reais; a Secretaria de Estado da Saúde, R$ 60 mil; o município colabora com R$ 63 mil, e doações da comunidade ainda somam R$ 3 mil. Mas, segundo Daleffe, atualmente a Santa Casa não tem remédios, crédito e dinheiro para pagar fornecedores, que deixam de entregar os medicamentos por falta de pagamento. As dívidas com remédios ultrapassam R$ 450 mil reais, e algumas estão vencidas há mais de um ano. Conforme Daleffe, a única alternativa para o hospital sair da crise seria uma ajuda extra do estado e da União. "Caso isso não ocorra, até o atendimento de emergência poderá ser interrompido", diz.

O pagamento do 13.º salário dos 203 funcionários do setor administrativo também pode ser afetado. "Não há como pagar se o hospital não tem recursos", afirma o presidente. Recentemente, a direção da Santa Casa reuniu os 25 prefeitos da região para pedir ajuda, e 23 se comprometeram a contribuir. "Mas esse recurso, que deveria vir em agosto, até hoje não chegou", conta Daleffe. Ele ainda afirma que os municípios de Moreira Sales e Altamira do Paraná, que não demonstraram interesse em contribuir, enviam pacientes à Santa Casa diariamente.

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