História
De um início promissor a um fim agonizante
O transporte de carga em lombos de burros já não era suficiente e, em 1828, o governo imperial autorizou a construção de estradas de ferro. Quase 100 anos depois, o Brasil já tinha 29 mil quilômetros de ferrovias. Na década de 30, o governo Vargas reorganizou as estradas de ferro e várias ferrovias passaram a ser administradas pela União. Surgia, em 1957, a Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA).
O que era o símbolo do desenvolvimento começou a experimentar o prejuízo na década de 80. Os investimentos foram reduzidos enquanto as rodovias começaram a se expandir pelo Brasil. A RFFSA enfrentava sua principal crise, com falta de recursos para investimento no modal e com passivos trabalhistas. Os ensaios para a sua privatização viraram frequentes.
Com um século de história, as estações de trem, em cujas plataformas passaram o desenvolvimento do país, hoje estão condenadas à ação do tempo e à falta de consciência dos vândalos. Desde a extinção da Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA), todo o patrimônio foi dividido entre três órgãos federais, municípios e a iniciativa privada. As 5 mil estações de trem que restaram do período áureo das ferrovias brasileiras têm, em tese, cinco donos, o que é um motivo a mais para a burocracia quando se pretende recuperar uma edificação e dar a ela uma destinação turística ou cultural.
A RFFSA foi criada em 1957, mas não suportou a falta de investimento e a concorrência com as rodovias, entrando em crise na década de 80. "Ela estava inadimplente e desesperada por falta de dinheiro. As ferrovias estavam sucateadas e os funcionários haviam criado um passivo muito grande em dívidas trabalhistas. A solução foi privatizar", comenta o professor de transportes do curso de engenharia civil da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Camilo Borges Neto.
Com a inclusão da estatal no programa de privatização, abriu-se caminho para a iniciativa privada. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assumiu a gestão da liquidação da Rede. Neto lembra que foi preciso lançar três editais de concorrência para enfim dar destinação ao patrimônio do modal ferroviário. "O contrato de concessão teve uma grande falha porque não previu a manutenção dos bens de interesse histórico", acrescenta o engenheiro e ex-chefe da Rede no Paraná e em Santa Catarina, Paulo Sidnei Carreiro Ferraz.
O bolo da extinta RFFSA rendeu diversas fatias. Os bens operacionais estão com o Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit), ao qual as concessionárias estão subordinadas; os bens não operacionais ficaram com a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) do Ministério do Planejamento e o acervo histórico foi para o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do Ministério da Cultura. Todos os órgãos federais ainda estão fazendo o inventário dos bens da Rede. Só o Iphan possui sete mil itens já levantados em todo o país. A malha sul da América Latina Logística (ALL) recebeu 116 mil itens, entre imóveis e objetos, avaliados em R$ 4 bilhões, conforme lembra o engenheiro Ferraz.
Não há um levantamento oficial sobre as edificações, mas o químico apaixonado por trens Ralph Giesbrecht, de São Paulo, é autor do site www.estacoesferroviarias.com.br e estima que das 5 mil estações do país, pelo menos 230 estão no Paraná. Levantamento feito pela ALL a pedido da Gazeta do Povo mostra que há 43 antigas estações sob a responsabilidade da empresa. Boa parte dos imóveis que estavam no contrato de concessão foi devolvida à União e outros pertencem à SPU.
A coordenadora de patrimônio da empresa, Fabiula Carazzai, diz que algumas estações estão sendo restauradas através do Instituto ALL. É o caso da estação Marumbi, no litoral, que será reinaugurada no próximo dia 30. Outras, porém, estão abandonadas. Um exemplo é a estação Mesquita de Freitas, em Joaquim Murtinho, distrito de Piraí do Sul. Do prédio construído em 1905 só restaram as paredes e, ainda assim, pichadas. Segundo a ALL, há projeto de restauração desse imóvel.
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