Mobilidade, saúde e ensino também exigem planos próprios
Até 2015, os municípios deverão concluir planos específicos em outras três áreas mobilidade, saúde e educação sob pena de também não poderem contar com verbas ou programas do governo federal. "Apesar de serem planos menos complicados que o de gestão de resíduos sólidos, isso sempre gera um corre-corre entre os prefeitos", comentou Luiz Lázaro Sorvos, presidente da Associação dos Municípios do Paraná (AMP). Ele, que também é prefeito de Nova Olímpia (Região Noroeste), garante que os planos da cidade estão em dia.
Até o fim deste ano, os prefeitos precisam que o Plano Municipal de Saúde esteja concluído e que tenha sido aprovado pelo Conselho Municipal de Saúde. O plano é quadrienal e leva em conta indicadores do período anterior. A maioria das cidades o elaboram a partir de uma conferência local sobre o tema.
Para o presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Paraná, Antonio Carlos Nardi, as cidades paranaenses não devem ter problemas em concluir o planejamento. "A maioria das cidades já está com o plano aprovado. É um instrumento importante para a gestão, que ajuda a ver a área como um todo e prever as ações em todos os setores da saúde", avaliou.
Educação e transporte
Até o fim de 2014, as cidades terão de finalizar o Plano de Ações Articuladas da Educação para o ciclo 2015-2018. Os municípios que não aderirem ficarão impossibilitadas de integrar programas e ações do Ministério da Educação (MEC), além de receber ônibus, obras ou móveis. Só em 2012, o plano repassou R$ 8 bilhões aos municípios.
No ano seguinte até maio de 2015 os municípios com mais de 20 mil habitantes que quiserem receber verbas federais para obras de mobilidade precisarão enviar ao Ministério das Cidades um plano específico. O ministério não adianta o volume a ser destinado aos municípios. "Mas a expectativa é que sejam recursos consideráveis", espera o presidente da AMP.
Dezenas de municípios paranaenses correm o risco de ficar impedidos de pleitear verbas federais para aplicar em saneamento e na gestão de resíduos sólidos. As cidades ameaçadas ainda não concluíram seus respectivos planos municipais, que são exigência dos Ministérios das Cidades e do Meio Ambiente para disponibilizar o dinheiro. O atraso no planejamento não se restringe à esfera do meio ambiente: mobilidade, saúde e educação são outras áreas sob alerta. Levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) com 308 prefeituras do Paraná revela que apenas 11% finalizaram o Plano Municipal de Saneamento e outras 26% terminaram o Plano Municipal de Gestão de Resíduos Sólidos.
INFOGRÁFICO: Veja o tempo restante para os prefeitos finalizarem os planos municipais
Por causa de detalhes técnicos, esses projetos precisam ser elaborados por um corpo especializado, com engenheiros ambientais, químicos e biólogos. O problema é que muitos municípios não têm dinheiro para contratá-los. Segundo a CNM, a alegação de 49% das cidades paranaenses é de que não começaram a fazer os planos em função da "inexistência de equipe técnica e da falta de recursos financeiros" para isso.
"O cobertor é curto e os municípios não têm recursos para gastar nisso. Se não tiver verba de fora [estadual ou federal], acho muito difícil que todos consigam fazer. O sinal amarelo está mudando para vermelho", avalia o presidente da Associação dos Municípios Paranaenses (AMP), Luiz Lázaro Sorvos.
Lixões
A falta dos planos traz ainda outra dor de cabeça às cidades. De acordo com a Lei 12.305/10, os municípios brasileiros têm até agosto de 2014 para fechar seus lixões e destinar os resíduos sólidos a aterros sanitários, devidamente licenciados, sob pena de serem responsabilizados por crime ambiental. O planejamento é essencial para que as cidades consigam se livrar dos lixões.
De acordo com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), 214 municípios paranaenses ainda estão irregulares. Como saída, a Sema tenta estimulá-los a se organizarem em consórcios para implantar e gerir aterros sanitários de maneira compartilhada. O secretário Luiz Eduardo Cheida tem peregrinado pelas regiões do estado, se reunindo com grupos de prefeitos. Ele diz que seriam necessários 40 consórcios para cobrir todo o Paraná. Cada um teria seu próprio plano.
"Se os municípios agirem com rapidez, terão condições de ter iniciado a implantação dos aterros até o prazo. Ninguém vai ser insensato de penalizá-los se estiverem fazendo. O grande problema é que a grande maioria está imobilizada, parada, esperando acontecer", afirma.
Guarapuava cria consórcio, mas verba ainda é incerta
Em meio à correria para fechar os lixões, 15 municípios da região de Guarapuava, no Centro-Sul do Paraná, são apontados como um bom exemplo. Eles começaram a se organizar em consórcio para implantar dois aterros sanitários, que serão geridos de maneira compartilhada. As cidades já formalizaram um protocolo de intenções e criaram uma comissão para fazer a gestão do grupo. "Esse comitê deve definir, ainda em dezembro, a localização dos aterros", explicou o secretário de Meio Ambiente de Guarapuava, Celso Alves de Araújo.
Todos os municípios que integram o consórcio vão destinar seus resíduos aos aterros coletivos. A manutenção será custeada pelas cidades, que vão desembolsar um valor mensal proporcional ao volume de resíduos gerados. Paralelamente, elas devem apostar em políticas de coleta seletiva para reduzir o volume de lixo a ser descartado.
Apesar disso, a verba para a implantação dos aterros ainda é uma incógnita. "Isso ainda não está definido. A esperança dos municípios é que haja recursos estaduais ou federais para ajudar a custear isso", disse Araújo.
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