Apenas 11% das prefeituras do estado já fizeram o Plano de Saneamento e outras 26% terminaram o Plano de Gestão de Resíduos| Foto: Roberto Custódio / JL

Mobilidade, saúde e ensino também exigem planos próprios

Até 2015, os municípios deverão concluir planos específicos em outras três áreas – mobilidade, saúde e educação – sob pena de também não poderem contar com verbas ou programas do governo federal. "Apesar de serem planos menos complicados que o de gestão de resíduos sólidos, isso sempre gera um corre-corre entre os prefeitos", comentou Luiz Lázaro Sorvos, presidente da Associação dos Municípios do Paraná (AMP). Ele, que também é prefeito de Nova Olímpia (Região Noroeste), garante que os planos da cidade estão em dia.

Até o fim deste ano, os prefeitos precisam que o Plano Municipal de Saúde esteja concluído e que tenha sido aprovado pelo Conselho Municipal de Saúde. O plano é quadrienal e leva em conta indicadores do período anterior. A maioria das cidades o elaboram a partir de uma conferência local sobre o tema.

Para o presidente do Con­­selho de Secretarias Muni­­cipais de Saúde do Paraná, Antonio Carlos Nardi, as cidades paranaenses não devem ter problemas em concluir o planejamento. "A maioria das cidades já está com o plano aprovado. É um instrumento importante para a gestão, que ajuda a ver a área como um todo e prever as ações em todos os setores da saúde", avaliou.

Educação e transporte

Até o fim de 2014, as cidades terão de finalizar o Plano de Ações Articuladas da Educação para o ciclo 2015-2018. Os municípios que não aderirem ficarão impossibilitadas de integrar programas e ações do Ministério da Educação (MEC), além de receber ônibus, obras ou móveis. Só em 2012, o plano repassou R$ 8 bilhões aos municípios.

No ano seguinte – até maio de 2015 – os municípios com mais de 20 mil habitantes que quiserem receber verbas federais para obras de mobilidade precisarão enviar ao Ministério das Cidades um plano específico. O ministério não adianta o volume a ser destinado aos municípios. "Mas a expectativa é que sejam recursos consideráveis", espera o presidente da AMP.

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Dezenas de municípios paranaenses correm o risco de ficar impedidos de pleitear verbas federais para aplicar em saneamento e na gestão de resíduos sólidos. As cidades ameaçadas ainda não concluíram seus respectivos planos municipais, que são exigência dos Ministérios das Cidades e do Meio Ambiente para disponibilizar o dinheiro. O atraso no planejamento não se restringe à esfera do meio ambiente: mobilidade, saúde e educação são outras áreas sob alerta. Levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) com 308 prefeituras do Paraná revela que apenas 11% finalizaram o Plano Municipal de Saneamento e outras 26% terminaram o Plano Municipal de Gestão de Resíduos Sólidos.

INFOGRÁFICO: Veja o tempo restante para os prefeitos finalizarem os planos municipais

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Por causa de detalhes técnicos, esses projetos precisam ser elaborados por um corpo especializado, com engenheiros ambientais, químicos e biólogos. O problema é que muitos municípios não têm dinheiro para contratá-los. Segundo a CNM, a alegação de 49% das cidades paranaenses é de que não começaram a fazer os planos em função da "inexistência de equipe técnica e da falta de recursos financeiros" para isso.

"O cobertor é curto e os municípios não têm recursos para gastar nisso. Se não tiver verba de fora [estadual ou federal], acho muito difícil que todos consigam fazer. O sinal amarelo está mudando para vermelho", avalia o presidente da Associação dos Municípios Paranaenses (AMP), Luiz Lázaro Sorvos.

Lixões

A falta dos planos traz ainda outra dor de cabeça às cidades. De acordo com a Lei 12.305/10, os municípios brasileiros têm até agosto de 2014 para fechar seus lixões e destinar os resíduos sólidos a aterros sanitários, devidamente licenciados, sob pena de serem responsabilizados por crime ambiental. O planejamento é essencial para que as cidades consigam se livrar dos lixões.

De acordo com a Secre­­taria de Estado do Meio Ambiente (Sema), 214 municípios paranaenses ainda estão irregulares. Como saída, a Sema tenta estimulá-los a se organizarem em consórcios para implantar e gerir aterros sanitários de maneira compartilhada. O secretário Luiz Eduardo Cheida tem peregrinado pelas regiões do estado, se reunindo com grupos de prefeitos. Ele diz que seriam necessários 40 consórcios para cobrir todo o Paraná. Cada um teria seu próprio plano.

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"Se os municípios agirem com rapidez, terão condições de ter iniciado a implantação dos aterros até o prazo. Ninguém vai ser insensato de penalizá-los se estiverem fazendo. O grande problema é que a grande maioria está imobilizada, parada, esperando acontecer", afirma.

Guarapuava cria consórcio, mas verba ainda é incerta

Em meio à correria para fechar os lixões, 15 municípios da região de Guarapuava, no Centro-Sul do Paraná, são apontados como um bom exemplo. Eles começaram a se organizar em consórcio para implantar dois aterros sanitários, que serão geridos de maneira compartilhada. As cidades já formalizaram um protocolo de intenções e criaram uma comissão para fazer a gestão do grupo. "Esse comitê deve definir, ainda em dezembro, a localização dos aterros", explicou o secretário de Meio Ambiente de Guarapuava, Celso Alves de Araújo.

Todos os municípios que integram o consórcio vão destinar seus resíduos aos aterros coletivos. A manutenção será custeada pelas cidades, que vão desembolsar um valor mensal proporcional ao volume de resíduos gerados. Paralelamente, elas devem apostar em políticas de coleta seletiva para reduzir o volume de lixo a ser descartado.

Apesar disso, a verba para a implantação dos aterros ainda é uma incógnita. "Isso ainda não está definido. A esperança dos municípios é que haja recursos estaduais ou federais para ajudar a custear isso", disse Araújo.

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