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Sem PM, crime toma conta do Espírito Santo e governo pede tropas federais

Familiares de PMs impedem a saída das viaturas do quartel em Vitória. | GILSON BORBA/ESTADÃO CONTEÚDO
Familiares de PMs impedem a saída das viaturas do quartel em Vitória. (Foto: GILSON BORBA/ESTADÃO CONTEÚDO)

A onda de violência e medo que tomou conta do Espírito Santo desde a madrugada de sábado (4) por causa do protesto de familiares que impedem a saída de viaturas e policiais militares dos quartéis fez com que o governador em exercício do Espírito Santo, César Colnago, solicitasse ao presidente Michel Temer o envio de tropas federais para fazer a segurança nas ruas. O governo federal autorizou o envio da Força Nacional e das Forças Armadas. A expectativa dele é de que ainda nesta segunda-feira (6) as tropas estejam nas ruas e a situação comece a voltar à normalidade.

A onda de violência que toma conta da região metropolitana de Vitória desde que a Polícia Militar, em greve, sumiu das ruas já fez mais de 50 mortos nos últimos dois dias. Segundo informações do Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo, até pouco depois das 10h desta segunda-feira, 51 corpos já haviam chegado ao Departamento Médico-Legal da capita capixaba. Foram oito mortos no sábado, 16 no domingo e mais 27 contabilizadas apenas nas primeiras horas desta segunda-feira. A comparação dá o tamanho da crise: em janeiro, foram registrados quatro assassinatos em Vitórias, e nos primeiros dias de fevereiro haviam sido dois.

A falta de policiamento levou a prefeitura de Vitória a suspender o início do ano letivo nesta segunda-feira (5) na rede municipal e também determinou o fechamento de todas as unidades de saúde. Escolas e faculdades particulares também anunciaram a suspensão das aulas.

O Ministério Público do Espírito Santo e o Tribunal de Justiça também suspenderam o expediente como medida preventiva até que a situação na segurança pública retorne à normalidade. A Federação de Futebol do Espírito Santo suspendeu os jogos da Série A do Campeonato Capixaba 2017.

Três ônibus foram incendiados e um posto da Polícia Militar (PM) foi queimado nas últimas horas. Houve arrastões e arrombamento de várias lojas no comércio de rua e também em shoppings. A crise na segurança levou a troca do comando-geral da PM, e ainda não há um balanço oficial com dados da violência. O secretário de segurança pública, André Garcia, disse que aumentaram os casos de violência, principalmente o número de homicídios.

“Enquanto não tivermos policiamento nas ruas para atender aos chamados dos capixabas, está determinada a suspensão de qualquer tratativa e negociação com representantes do movimento. Nossa intenção é negociar, sempre, porém essa negociação deve se pautar pelo respeito mútuo, e a condição para que os policiais venham patrulhar as ruas e atender as chamadas dos cidadãos capixabas”, disse o secretário estadual de Segurança Pública, André Garcia.

As manifestações de parentes dos agentes de segurança acontecem em toda a Região Metropolitana de Vitória, Guarapari, Linhares e Aracruz, Colatina e Piúma. Além de reajuste salarial, os familiares pedem o pagamento de auxílio-alimentação, periculosidade, insalubridade e adicional noturno e reclamarem do sucateamento da frota e da falta de perspectiva dos agentes.

A Justiça decretou a ilegalidade do movimento e estabeleceu multa de R$ 100 mil em caso de descumprimento da ordem. São atingidas pela decisão a Associação de Cabos e Soldados, a Associação dos Subtenentes e Sargentos, a Associação dos Bombeiros Militares, a Associação dos Oficiais Militares e a Associação dos Militares da reserva.

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