Sem relator, Conselho de Ética arrasta caso Renan

Brasília – Diante da paralisia dos trabalhos, o presidente do Conselho de Ética do Senado, Sibá Machado (PT-AC), recebeu ontem um ultimato do DEM para que indique até hoje um relator para o processo contra o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). Do contrário, o partido convocará reunião de líderes para decidir à sua revelia. O conselho não trabalha há cinco dias e o processo se arrasta.

O órgão ainda não autorizou a Polícia Federal a retomar a perícia nos documentos apresentados pela defesa do presidente do Senado. Sem relator, não há ainda plano de trabalho.

Sibá Machado não apareceu ontem no Senado. Por meio de sua assessoria de imprensa, disse que a atitude do líder do DEM, senador José Agripino (RN), é "louvável".

Pressionado, o presidente do conselho convocou uma reunião para hoje. Se até lá os líderes não tiverem resolvido o problema, Sibá pretende oferecer publicamente a relatoria a cada um dos integrantes do conselho, constrangendo-os.

Dois senadores já assumiram a relatoria e abandonaram o cargo: Epitácio Cafeteira (PTB-MA) e Wellington Salgado (PMDB-MG). Os dois eram da tropa de choque de Renan e ficaram contrariados com a recusa do conselho em arquivar o processo de forma sumária.

Depois de mudar de lado e pedir o aprofundamento das investigações contra Renan, o senador Valter Pereira (PMDB-MS) foi substituído ontem no conselho pelo líder do PMDB, Valdir Raupp (RO). Mas o partido ainda estuda escalar para a vaga o senador Almeida Lima (PMDB-SE), que poderia assumir a relatoria.

Na impossibilidade de enterrar o caso, aliados do presidente do Senado resolveram protelar os trabalhos do conselho na expectativa de que as investigações percam força.

Aliados de Renan pretendem criar um impasse no conselho para remeter o caso para a Procuradoria-Geral da República. A PF não pode investigar o presidente do Senado sem autorização do Supremo Tribunal Federal e o Conselho de Ética não tem poder para quebrar sigilos bancário, fiscal e telefônico.