Pacientes de esclerose múltipla de Curitiba estão tendo de interromper o tratamento pela falta de um medicamento gratuito fornecido pelo programa Farmácia Especial da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Todo mês eles recebem uma caixa com 28 ampolas injetáveis do Copaxone 20 miligramas, produzido pelo laboratório Biosintética, e que custa, em média, R$ 4,4 mil a caixa.
Nas últimas semanas, a entrega tem sido feita de forma fracionada, segundo a Sesa, para evitar o desabastecimento. "Fui à Farmácia hoje (ontem) para pegar minha remessa, mas só me deram quatro ampolas", conta Olga Maria dos Santos Neves, presidente da Associação Paranaense de Esclerose Múltipla (Aparem). Segundo Olga, a distribuição do remédio, que é de uso contínuo, está irregular há pelo menos 40 dias. "Vou guardar essas quatro ampolas que peguei porque não adianta usar e parar", completa. Os pacientes consomem uma ampola por dia.
"Já fui duas vezes este mês. Na primeira vez peguei sete ampolas, na segunda dez e amanhã (ontem) já fiquei sabendo que pegaremos apenas quatro. Isto é, ainda teremos de voltar para buscar mais", escreveu, indignada, a paciente Kátia Loch, que enviou um e-mail à Gazeta do Povo.
A esclerose múltipla é uma doença inflamatória crônica, sem cura, que atinge, em geral, pessoas jovens, de pele branca. Tem maior incidência em mulheres. A doença provoca dificuldades motoras e sensitivas, e manifesta-se em surtos, com sintomas que podem levar horas ou dias para aparecer, persistindo por dois a quatro meses e desaparecendo gradualmente. Se não houver controle, a doença pode levar a paralisia de membros ou perda da visão. Além do Copaxone (Acetato de Glatiramer), são prescritos pelos médicos o Avonex, o Rebif e o Betaferon (que são nomes comerciais do Interferon Beta) - estes últimos também fornecidos pela Sesa.
Segundo Olga, que telefonou para o laboratório Aché, proprietária da Biosintética, a Sesa ainda não havia feito o pedido de compra do remédio este mês. Por intermédio da assessoria de imprensa, a secretaria reconheceu que o estoque está abaixo do normal, mas garantiu que até a próxima sexta-feira uma nova carga será entregue pelo laboratório, o que deve normalizar a distribuição. A assessoria de comunicação da Aché confirmou que já foi autorizado o despacho de um novo lote do Copaxone para o Paraná.