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Os integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que há uma semana assumiram o controle da fazenda Teijin, em Nova Andradina (340 quilômetros de Campo Grande), ameaçam soltar parte do rebanho da propriedade caso a Justiça mantenha a decisão do úl- timo dia 6, de suspender o processo de desapropriação da área.

A assessoria do Incra no estado informou que a direção do órgão acredita que até a próxima quinta-feira haja uma decisão sobre o recurso judicial apresentado para cassar a liminar que retornou a posse da fazenda ao antigo dono. Desde o ano passado, o Incra tinha a posse e no último dia 10 iria fazer a demarcação e o sorteio dos lotes para as mais de mil famílias que estão acampadas no local desde o ano passado.

As mais de mil famílias ligadas ao MST e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri) estão dentro da fazenda Teijin com au torização dada pela juíza federal de Dourados, Luciana Melchior.

Segundo Egídio Bruneto, da coordenação do MST no estado, se não houver decisão da Justiça favorável aos sem-terra eles pre- tendem radicalizar e soltar o gado da fazenda.

- É a única alternativa que resta a eles para corrigir es- se absurdo da Justiça, que em várias outras decisões deu ganho de causa ao Incra e agora devolve a posse ao proprietário. Eles (os sem-terra) estão lá com a au- torização da juíza - afirmou Bruneto.

O advogado do dono da fazenda, Diamantino Silva Filho, disse que neste domingo os sem-terra começaram a levar as cerca de 10 mil cabeças de gado para próximo da rodovia BR-267, que fica as poucos metros da fazenda Teijin. Dentro da fazenda existem 14 mil bovinos.

Segundo ele, isso mostra que os sem-terra já estão se preparando para cumprir a promessa de soltar os animais na rodovia.

- Se isso ocorrer vamos res- ponsabilizar o Incra pelos prejuízos, pois o órgão já foi notificado pela Justiça que tem que retirar os sem-terra da fazenda - afirmou o advogado.

Neste domingo um advogado do escritório e Adamantino (que fica em Minas Gerais) esteve na Justiça Federal de Dourados para comunicar que o mandado de reintegração de posse ainda não foi cumprido. Segundo Adamantino Silva Filho, a juíza Kátia Silene Firmino disse que vai reforçar o pedido de força policial para que a ordem de despejo seja cumprida. O mandado de reintegração de posse foi expedido pelo juiz Jairo da Silva Pinto, que estava de plantão na justiça federal de Dourados no último dia 13.

Bruneto nega que além de soltar o gado os sem-terra estejam planejando depredar as máquinas da fazenda, conforme chegaram a comentar alguns sem-terra que estão na Fazenda Teijin. Segundo ele, o que existe de concreto é que uma empreiteira contratada pelo Incra estava pensando na possibi- lidade de retirar as máquinas e os trabalhadores que estão na fazenda. A empreiteira foi contratada para abrir estradas na fazenda, uma das etapas da demarcação dos lotes para a reforma agrária.

O coordenador do MST negou também que os 28 funcionários da fazenda ainda estejam sendo mantidos reféns desde o início do bloqueio, no dia 12. Bruneto afirmou que os peões podem sair e voltar, só que a pé. Mas ele confirmou que eles são impedidos pelos sem-terra de trabalhar e cuidar do gado.

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