Ponta Grossa - Enquanto não sai a decisão da 4.ª Vara Cível do Fórum de Ponta Grossa sobre a desapropriação da fazenda São Francisco II, na localidade de Botuquara, os integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) ampliam o número de barracos no acampamento instalado na madrugada do último sábado.
Eram cinco tendas na segunda-feira. Ontem, já havia 11. A 150 metros do grupo, familiares e funcionários do ex-policial militar Waldir Copetti Neves, que alega ser o dono da área, se revezam sob a barraca armada para vigiar a ação dos sem-terra.
Segundo um militante, que prefere ser chamado apenas de Botinha, desde a manhã de domingo, quando Neves montou acampamento no local, as provocações têm sido constantes. Entre as ações, segundo o MST, estão o acendimento de faróis de carro e de um holofote em direção ao acampamento. Na madrugada da invasão, os sem-terra dizem ter sido alvo de disparos de arma de fogo dos seguranças do ex-policial, mas as balas não foram encontradas em meio à plantação de soja. "Nós não vamos responder às provocações", assegura o militante.
Para evitar conflito, o comando da Polícia Militar criou uma área de isolamento ao redor do acampamento do MST e colocou uma viatura 24 horas na área. "Os policiais deveriam ficar no meio dessa área de isolamento. Mas não, ficam lá junto com o Neves, tomando chazinho", disse o militante do MST.
Fazendeiros que apoiam Neves passaram a tarde reunidos ontem no Sindicato Rural de Ponta Grossa. Hoje de manhã deve haver um novo encontro. A direção do sindicato informou apenas que o departamento jurídico está preparando uma nota com a posição dos ruralistas para ser divulgada hoje. Segundo informações da União Democrática Ruralista (UDR), há cerca de 80 desapropriações determinadas pela Justiça aguardando cumprimento no Paraná. Conforme a Secretaria de Estado de Segurança Pública, só no ano passado foram feitas 61 desocupações.
A terra ocupada em Ponta Grossa pôs fim à trégua de um ano e dois meses dada pelo MST no estado. A área é pivô de uma briga judicial entre Neves e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que também alega ser a dona da fazenda.
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