Barracos dos sem-terra em fazenda de Ponta Grossa: ruralistas devem soltar nota hoje criticando ocupação de área, que ocorreu no sábado| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Conflitos no campo mais violentos

Diminuição no número de conflitos não significa redução na violência. É o que mostra um relatório elaborado pela Comissão da Pastoral da Terra (CPT). Na comparação parcial de 2009, até o dia 15 novembro, em relação ao mesmo período do ano anterior, observou-se uma diminuição na quantidade de conflitos no campo registrados em todo o país – 942 em 2008 contra 731 em 2009.

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Ponta Grossa - Enquanto não sai a decisão da 4.ª Vara Cível do Fórum de Ponta Grossa sobre a desapropriação da fazenda São Francisco II, na localidade de Botuquara, os integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) ampliam o número de barracos no acampamento instalado na madrugada do último sábado.

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Eram cinco tendas na segunda-feira. Ontem, já havia 11. A 150 metros do grupo, familiares e funcionários do ex-policial militar Waldir Copetti Neves, que alega ser o dono da área, se revezam sob a barraca armada para vigiar a ação dos sem-terra.

Segundo um militante, que prefere ser chamado apenas de Botinha, desde a manhã de domingo, quando Neves montou acampamento no local, as provocações têm sido constantes. Entre as ações, segundo o MST, estão o acendimento de faróis de carro e de um holofote em direção ao acampamento. Na madrugada da invasão, os sem-terra dizem ter sido alvo de disparos de arma de fogo dos seguranças do ex-policial, mas as balas não foram encontradas em meio à plantação de soja. "Nós não vamos responder às provocações", assegura o militante.

Para evitar conflito, o comando da Polícia Militar criou uma área de isolamento ao redor do acampamento do MST e colocou uma viatura 24 horas na área. "Os policiais deveriam ficar no meio dessa área de isolamento. Mas não, ficam lá junto com o Neves, tomando chazinho", disse o militante do MST.

Fazendeiros que apoiam Neves passaram a tarde reunidos ontem no Sindicato Rural de Ponta Grossa. Hoje de manhã deve haver um novo encontro. A direção do sindicato informou apenas que o departamento jurídico está preparando uma nota com a posição dos ruralistas para ser divulgada hoje. Segundo in­­formações da União Democrática Ruralista (UDR), há cerca de 80 desapropriações determinadas pela Justiça aguardando cumprimento no Paraná. Con­forme a Secretaria de Estado de Segurança Pública, só no ano passado foram feitas 61 desocupações.

A terra ocupada em Ponta Gros­sa pôs fim à trégua de um ano e dois meses dada pelo MST no estado. A área é pivô de uma briga judicial entre Neves e a Empresa Bra­sileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que também alega ser a dona da fazenda.

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