Cascavel – Movimentos ligados à questão agrária no Paraná pediram ajuda da Organização das Nações Unidas (ONU) para pressionar a polícia a identificar os contratantes e financiadores de milícias armadas que estariam agindo no estado, especialmente na Região Oeste. Ontem à tarde, em Brasília, representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), da Via Campesina e da organização Terra de Direitos entregaram uma série de documentos sobre a violência no Paraná ao relator especial sobre execuções sumárias da ONU, Philip Alston.

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O coordenador da Terra de Direitos, Darci Frigo, explica que além da denúncia de execução do líder da Via Campesina, Valmir Mota de Oliveira (o Keno), ocorrida no dia 21 de outubro, durante confronto com seguranças na reinvasão da fazenda experimental da multinacional Syngenta Seeds, em Santa Tereza do Oeste, os documentos contêm outros casos de violência registrados nas regiões Noroeste, Norte e Oeste do Paraná.

"No caso do episódio mais recente, na área da Syngenta, as investigações vão chegar, no máximo, aos intermediários, como o dono da empresa NF Segurança, que contratou os homens da milícia. Mas é preciso a intervenção da ONU para pressionar os governos de forma a ampliar as investigações para se identificar quem são os mandantes e os financiadores dessas milícias", diz.

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Conforme a denúncia dos movimentos, além do líder morto, outros cinco sem-terra ficaram feridos no confronto do dia 21 de outubro, entre eles Isabel do Nascimento Souza, que levou um tiro no rosto e perdeu a visão de um olho. No relatório, os movimentos voltam a afirmar que os seguranças teriam retornado ao local da invasão, em 21 de outubro, para executar líderes do movimento – Celso Ribeiro e Célia Lourenço, além de Keno. Segundo os sem-terra, Isabel foi pega por engano, por ser parecida com Célia, que seria alvo dos seguranças na operação.

O delegado do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), Renato Figueroa, responsável pelas investigações do tiroteio na área da Syngenta, deve entregar o inquérito policial à Justiça na próxima semana, quando vence o prazo legal de 30 dias. Ele ainda aguarda a conclusão de laudos periciais para poder concluir o inquérito.

Na semana passada, o delegado disse, logo após a reconstituição das mortes do líder sem-terra Valmir Oliveira e do segurança Fábio Ferreira no confronto, que as investigações reforçavam a tese de execução e tentativa de execução dos líderes dos invasores e também a autoria dos disparos que mataram Keno. Figueroa disse que até o fim de semana terá novidades sobre o caso, mas não quis adiantar nenhuma informação. (CH)