MST ignora acordo firmado
Terminou ontem o prazo de 15 dias concedido pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) para que o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) deixasse a Fazenda Mestiça, em Rio Branco do Ivaí (Norte do estado). No entanto, os ocupantes não pretendem sair da área, invadida há cerca de 50 dias. Segundo um dos líderes do acampamento, Josmar Choptian, eles aguardam uma posição da Sesp sobre uma possível compra da área de 212 alqueires. Há duas semanas, o MST havia se comprometido a sair de forma pacífica, o que suspendeu uma operação de reintegração que mobilizou 500 policiais.
O líder sem-terra Valmir Mota de Oliveira, conhecido como Keno, morto durante a reocupação da fazenda experimental Syngenta Seeds, em Santa Tereza do Oeste (Região Oeste do Paraná), era funcionário da Fundação da Universidade Federal do Paraná (Funpar). Oliveira, segundo uma fonte da fundação, foi admitido em 1.º de abril de 2007 como assistente-administrativo do projeto Centro Colaborador, que tem convênio com a Funpar.
No cargo, o sem-terra recebia quase R$ 3 mil por mês. Oliveira foi desligado da Funpar no último dia 21 dia em que morreu no tiroteio que também terminou na morte de um segurança da empresa NF Segurança contratada pela multinacional. A assessoria da Funpar não comentou o caso e não soube detalhar o projeto Centro Colaborador. O superintendente da Funpar, Paulo Afonso Bracarense Costa, está participando de uma reunião fora do estado e não foi encontrado.
Celso Ribeiro, coordenador da Via Campesina, foi procurado pela reportagem, mas a informação é que ele não quer falar com a imprensa assim como a secretaria do movimento em Cascavel. Por telefone, Ramon Brizola, sem-terra acampado na fazenda, disse desconhecer o trabalho de Oliveira na Funpar. "Não sei disso. Tem gente do movimento que trabalha, mas não com esse salário. Até onde eu sabia, ele era agricultor", contou. A advogada do movimento, Gisele Cassano, também disse desconhecer o trabalho de Oliveira na Funpar.
Em Cascavel, uma reunião na Associação Comercial e Industrial teve como desfecho a decisão de processar o governador Roberto Requião pelos crimes de improbidade administrativa, por não impedir a tragédia na Syngenta, e por prevaricação, por não cumprir mandados de reintegração de posse.
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