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Questão agrária

Sem-terra ocupam pedágio por oito horas

Arapongas: motoristas passam de graça em praça de pedágio | Gilberto Abelha/Jornal de Londrina
Arapongas: motoristas passam de graça em praça de pedágio (Foto: Gilberto Abelha/Jornal de Londrina)

Aproximadamente oito horas depois de ocuparem a praça de pedágio na BR-369 em Arapongas, Norte do Paraná, trabalhadores da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag) deixaram o local na tarde de ontem. Os manifestantes reivindicavam a liberação pelo governo federal de quatro áreas para serem usadas na reforma agrária. As cancelas foram liberadas pelos manifestantes e os veículos passaram pelo pedágio sem pagar tarifa.

Embora a concessionária Viapar, que administra o trecho da rodovia, tenha entrado com pedido de reintegração de posse, os manifestantes deixaram a praça de pedágio espontaneamente pouco depois das 16h30. O local havia sido ocupado desde as 8h30. Os trabalhadores chegaram ao local em caminhões e automóveis e pediam, além da liberação das áreas, cestas básicas para as famílias.

Segundo o coordenador do movimento, Celso Damasceno, as propriedades são localizadas nas cidades de Alvorada do Sul, Porecatu, Ortigueira e Londrina. Ele afirmou que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) já apresentou três laudos atestando que as áreas são improdutivas. "As famílias querem plantar, mas não temos a terra. Temos os laudos apontando a improdutividade das fazendas, mas o governo federal está enrolando para decretar as áreas para reforma agrária", afirmou.

Os manifestantes também reivindicam a doação de 300 cestas básicas para as famílias que integram a Contag. Damasceno afirmou que muitas famílias estão passando fome. "Está chegando o Natal e muitas famílias não têm o que comer. Temos crianças que estão passando fome", disse.

A Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep), filiada à Contag, se manifestou contrária ao movimento de invasão do pedágio em Arapongas. O diretor de políticas públicas agrárias da entidade, Marcos Junior Brambilla, afirmou que a Fetaep não reconhece os integrantes do protesto. "Também repudiamos esse tipo de ação. Os manifestantes não consultaram a Federação e se tivessem consultado não apoiaríamos a ação. Consi­­deremos que a reforma agrária deve ser discutida e não por meio de invasão", afirmou.

A assessoria de imprensa do Incra, por meio de uma nota oficial, afirmou que os processos das áreas questionadas pelos manifestantes estão em fase de avaliação e as cestas de alimentos dos meses de novembro e dezembro foram liberadas e distribuídas. "Se for apurada a necessidade da distribuição de mais alimentos às famílias acampadas, o Incra tomará as providências necessárias para a resolução do problema", disse a nota. O Incra também informou que não foi comunicado oficialmente sobre as reivindicações e, assim que comunicada, a Ouvidoria Agrária Re­­gional (OAR) esclarecerá a situação aos integrantes da Contag.

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