Jundiaí do Sul Nem o frio de quase 4°C na madrugada de ontem foi capaz de dispersar os sem-terra que fizeram vigília em frente à porteira da Fazenda Monte Verde, em Jundiaí do Sul, no Norte Pioneiro. O grupo, de cerca de 150 famílias, continua firme no propósito de resistir a uma ação de desocupação da Polícia Militar que estaria planejada para as próximas horas.
Além de danificarem três pontes que dão acesso à sede da fazenda, os sem-terra ligados ao Movimento dos Agricultores Sem-Terra (Mast) também derrubaram árvores na estrada que corta a propriedade rural de 1.389 hectares.
Ontem, mais uma ponte foi incendiada, só que desta vez fora da área, mas a cerca de 100 metros do destacamento da Polícia Militar de Jundiaí do Sul. No começo da manhã, os acampados negaram a autoria do vandalismo, mas à tarde os coordenadores do movimento confirmaram a ação.
Os líderes dos sem-terra estão em alerta desde a última segunda-feira, quando tiveram a informação de que a Polícia Militar cumpriria o mandado de reintegração de posse na manhã de ontem. À tarde e no fim da noite de ontem, os invasores, que estão acampados na fazenda desde agosto do ano passado, continuavam aguardando a chegada da PM. Porém, o comando do 2.º Batalhão da PM de Jacarezinho reafirmou ontem que não existe nenhuma ação prevista para desocupar a fazenda, apesar de confirmar que já esteja com a ordem de desocupação.
O prefeito da cidade, Joel Marciano Rauber (PMDB), se reuniu ontem à tarde com as lideranças do Mast e pediu cautela aos sem-terra. Ele disse estar disposto a intermediar a retirada pacífica da fazenda.
Do outro lado da mesa, os coordenadores do movimento, como Pedro Luiz Xavier, garantiram que a preocupação das famílias é com as lavouras de milho, feijão e arroz, que estão prestes a ser colhidas. "Ninguém vai sair de lá e deixar a plantação. Eles (sem-terra) não têm o que comer e muito menos para onde ir", justifica. "Vamos continuar aqui e resistir", resumiu o sem-terra Lourival Vicente, 48 anos.
O prefeito pretende convencer as famílias a deixar a área, mas com a garantia da PM e dos proprietários da área, que será possível fazer a colheita das lavouras.
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