Cerca de 500 manifestantes pediram, em Brasília, o fim da impunidade nos confrontos no campo| Foto: Antonio Cruz/ ABr

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) bloquearam ontem 20 rodovias estaduais e federais no Paraná, em um protesto nacional em memória ao massacre de Eldorado do Carajás (PA), ocorrido em 1996. As estradas ficaram fechadas por 21 minutos, entre as 9 h e as 9h21 – número alusivo às 21 mortes ocorridas no confronto entre os sem-terra e policiais militares, há 17 anos. O MST inclui na lista dois óbitos que ocorreram nos dias seguintes ao conflito. De acordo com as polícias rodoviárias estadual e federal do Paraná, não houve tumulto.

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Os protestos se espalharam por vários pontos do estado. Em Ponta Grossa, segundo o inspetor da Polícia Rodoviária Federal que acompanhou a manifestação, Elton José Escremin, o evento foi pacífico e o tráfego não foi prejudicado. "Eles colocaram cruzes às margens da rodovia e ergueram bandeiras do movimento", relatou. Na região de Londrina, o bloqueio do MST foi realizado na rodovia PR-170, no trevo de acesso a Porecatu. Mas a interrupção do tráfego durou mais que os 21 minutos. Os motoristas que utilizavam a rodovia precisaram esperar por 40 minutos. Ao final da manifestação, havia um congestionamento de 3 quilômetros em cada um dos lados da pista. A Polícia Rodoviária Estadual informou que não houve tumulto.

Os sem-terra também fizeram um protesto em frente do Tribunal de Justiça do Paraná, em Curitiba, para onde levaram 21 cruzes com os nomes dos colegas mortos no massacre. "Queremos mostrar à sociedade a morosidade do Poder Judiciário", disse José Damasceno, membro da coordenação estadual do MST no Paraná. Para ele, a Justiça tem tomado decisões "tendenciosas" contra o movimento. "Uma reintegração de posse sai em até 24 horas, mas quando se trata de desapropriação fundiária, os processos se arrastam por anos e anos."

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Em Brasília

Cerca de 500 manifestantes do MST percorreram a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF), pediram o fim da impunidade no campo. Além de lembrar os mortos em Eldorado do Carajás, os manifestantes pedem agilidade no processo de reforma agrária. Segundo o movimento, há em todo país, 150 mil famílias acampadas e 69 mil grandes propriedades improdutivas. O MST reclama que processos judiciais impedem a aquisição de 193 áreas pelo Incra.