Em apenas dois dias, 310 agricultores sem-terra foram retirados de três propriedades rurais invadidas nas regiões Sudoeste e Sul do Paraná. Na Fazenda São Lourenço, em Palmas, retomada ontem, seis integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) foram presos por terem abatido dois bois. A polícia encontrou ainda duas armas, sendo que uma delas foi furtada na Fazenda São Caetano, em Honório Serpa. Cem policiais militares acompanharam a saída de 70 sem-terra que estavam no local desde novembro de 2004.
Um dia antes, duas fazendas já haviam sido desocupadas. Pela manhã, 150 integrantes do MST deixaram a Fazenda Santa Lúcia, em Nova Laranjeiras. Cerca de 200 policiais, de vários batalhões do estado, trabalharam na ação de despejo. À tarde, parte do efetivo se deslocou para a Fazenda Santa Rosa, em Mangueirinha, e retirou outras 90 pessoas do MST. As duas invasões no Sudoeste ocorreram em 30 de outubro.
Foi a 34.ª desocupação este ano no Paraná e a 127.ª desde 2003. Ainda aguardam o cumprimento de reintegrações aproximadamente 20 decisões judiciais. Outras liminares ainda devem entrar na fila. Ontem a Justiça concedeu reintegração do sítio São Francisco I, que pertence ao ex-coronel da Polícia Militar Valdir Copetti Neves, que esteve preso este ano acusado de comandar milícias armadas no campo.
O assessor para assuntos fundiários da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp), Jocler Jéferson Procópio, explica que o processo que culmina com a retirada das famílias é complexo e depende de uma série de fatores. Cada caso demanda uma investigação preliminar para apontar quantas pessoas estão no local e quais as estratégias são necessárias, como quantidade de policiais e armamento.
Fatores como a necessidade de deslocamento de muitos policiais, por exemplo, determinam o tempo de demora para o cumprimento da liminar de reintegração. Além disso, a determinação do governo é de buscar a negociação. "É muito mais barato se o assunto consegue ser resolvido no diálogo do que deslocar boa parte da tropa", lembra.