Campo Mourão Uma obra inacabada e abandonada há 13 anos em Roncador, na região Centro-Oeste do estado, serve hoje como moradia para sem-teto. O que era para ser um hospital municipal começou a ser construído em 1995, durante o mandato do prefeito Joaquim Rodrigues da Silva (PMDB). "Na época, o dinheiro era para um posto de saúde de 56 metros quadrados. Mas decidi fazer um hospital e faltou recurso. Gastei mais do que recebi", afirma Silva. Segundo ele, com o dinheiro gasto na obra inacabada poderiam ter sido construídos dois postos de saúde.
Hoje a construção é disputada entre os moradores que dividem a estrutura. O pedreiro Valdivino dos Santos, de 39 anos, diz ter comprado parte da obra de terceiros. Para impedir o acesso dos vizinhos, colocou uma cerca de arame farpado onde deveria ser um dos corredores do hospital. "No meu lado não há espaço para novos moradores", diz.
Além da própria "residência", o aposentado João Maria Senetra, de 56 anos, instalou no local uma oficina de conserto de fogões. "Como não tinha condições de pagar aluguel, esse hospital caiu do céu", brinca Senetra.
O lavrador João Batista de Oliveira mora ali há sete meses. "O dinheiro dos trabalhos na roça dá apenas para comprar comida. Se tivesse de pagar aluguel não sei como iria fazer", conta Oliveira. Os moradores dividem as despesas de luz e água com um vizinho.
Segundo a secretária de Saúde do município, Maria Santina, a prefeitura deve retirar os moradores e reaproveitar a obra. "A estrutura, que está condenada para um hospital, será reaproveitada para construir a Secretaria de Educação ou o prédio da Apae", explica.
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