Curitiba - O coordenador de Articulação de Políticas de Prevenção da Secre­­­taria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), Aldo Costa Aze­­vedo, disse que a Política Nacional Sobre Drogas (Pnad) prio­­­riza ações de prevenção e valoriza abordagens comunitárias e redes sociais. "Não adianta trabalhos isolados, o problema é relacional", diz. Segundo Azeve­­do, o governo atualizou ações que eram voltadas mais para a repressão, para prender principalmente usuários pensando na redução da oferta de drogas. Para ele, a polícia tem de trabalhar em todas as áreas, da oferta ao tráfico e ao combate à violência. "E, para isso, contar com redes já estruturadas, como a Pastoral da Sobriedade", exemplifica.

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O coordenador participa do 1.º Encontro Sul-Brasileiro de Pre­­venção ao uso de Drogas, promovido pela Pastoral da Sobriedade, encerrado ontem. Desde sexta-feira, integrantes da pastoral de todo o país discutiram em Curitiba os avanços na prevenção, o atendimento a familiares e a recuperação da dependência química. A pastoral, com sede na capital paranaense, é referência para o governo federal. De acordo com Aldo Azevedo, está ocorrendo uma articulação com vários ministérios e a sociedade civil de ações de capacitação de atores sociais que vão fazer a prevenção na ponta, onde está o problema.

Em parceria com o Ministério da Educação, a Senad tem cursos à distância, como o que capacita professores para lidar com o problema. Já na terceira edição, com encerramento no fim do ano, 50 mil professores foram habilitados até agora a identificar o problema, levantar a realidade local e pensar num projeto de prevenção específico. "A meta é, a cada ano, realizar dois cursos compostos por 25 mil educadores", informa o coordenador.

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Ele destaca a parceria do governo e igrejas na prevenção do uso de drogas, uma atuação inédita que não acontece em nenhum outro país. O projeto "Prevenção do Uso de Drogas em Instituições Religiosas e Movimentos Afins - Fé na Prevenção" tem levado o governo a mapear grupos religiosos de todas as crenças. A ideia é capacitar, até 2011, 20 mil líderes religiosos para atuar na prevenção do uso de álcool e outras drogas que geram comportamentos de risco e situações de violência. Segundo Azevedo, no país 12% da população têm algum tido de dependência química.

Fé na prevenção

As aulas gratuitas da primeira turma do Fé na Prevenção começam no próximo dia 14, com cinco mil inscritos. A capacitação vai durar dois meses e terá certificação de extensão universitária pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Fundada em Curitiba em 1998, numa iniciativa de dom Irineu Danellon, bispo de Lins (SP), e alguns leigos, a pastoral teve sua metodologia desenvolvida pelo padre e atual assessor eclesiástico nacional João Ceconello. Denominada Programa de Vida Nova, a metodologia é baseada em reuniões de autoajuda, com adaptação espiritual dos 12 Passos de Alcoólicos Anônimos.

"Estamos comemorando o décimo-primeiro aniversário da pastoral, atingindo desde a Amazônia até o Rio Grande do Sul. São 1,2 mil grupos de autoajuda por onde já passaram aproximadamente 3 milhões de pessoas", diz dom Irineu. Segundo ele, não há um número exato, mas a pastoral estima que cerca de 70 mil jovens que eram dependentes químicos estão vivendo em sobriedade, abstinentes, graças à atuação da pastoral.

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