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29 de abril

Sequelas da batalha do Centro Cívico

Ícaro Moura e Taciane Grassi, alunos do Colégio Estadual do Paraná que foram feridos no massacre do Centro Cívico | Aniele Nascimento / Gazeta do Povo
Ícaro Moura e Taciane Grassi, alunos do Colégio Estadual do Paraná que foram feridos no massacre do Centro Cívico (Foto: Aniele Nascimento / Gazeta do Povo)

Entre manifestantes e policiais, pelo menos 22 mil pessoas estiveram no Centro Cívico durante o protesto de 29 de abril, quando o local virou um campo de batalha. Todos sujeitos a sequelas. Osso quebrado, cicatriz no rosto e perda da audição são algumas delas. Manifestantes machucados contaram suas histórias à Gazeta do Povo. Independentemente da gravidade do dano físico, todos têm algo em comum: estresse pós-traumático.

“Algumas pessoas devem estar com sequelas emocionais. Não conseguem dormir. Você vive uma situação e acha que vai morrer”, comenta o professor de Psicologia da Universidade Positivo, Raphael Henrique Castanho Di Lascio. Para os estudante Ícaro Moura e Taciane Grassi e para a professora Rafaelin Poli, o pânico virou realidade.

Ícaro perdeu parte da sobrancelha e ficou com uma cicatriz permanente na testa. Taciane perdeu 60% da audição e ainda não sabe se precisará de cirurgia para se recuperar. Já a professora se sente quase otimista: “Só quebrei um dedo”.

Segundo o professor Di Lascio, que integra a Associação Internacional de Prevenção ao Estresse, situações como a do Centro Cívico têm o efeito emocional de um acidente. Durante o momento de confusão, a adrenalina vai às alturas, o que intensifica emoções, como o medo e a raiva. Quando a adrenalina baixa, vem o abalo moral, psicológico. “As pessoas se sentem violentadas, seja pela polícia ou outra forma de repressão que exista ali. E ninguém está preparado para ser agredido, ninguém tem isso como situação normal de vida”, explica o psicólogo.

Investigação

Reunir pessoas que estão traumatizadas, abaladas ou com sequelas físicas é um dos objetivos do Comitê de Direitos Humanos 29 de abril. O espaço, criado na última quarta-feira (6), congrega entidades como o sindicato dos professores (APP) e a Defensoria Pública do Paraná. “Não estamos aqui para julgar, mas para analisar os fatos. Não podemos fazer de conta que aquilo não aconteceu”, resume a ouvidora da Defensoria, Santa de Souza. O grupo recebeu a visita da ouvidora da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), Irina Bacci. Ela veio a Curitiba apurar as 18 denúncias de violações a direitos humanos que a secretaria havia recebido até a data.

No Paraná, a investigação sobre possíveis abusos é de responsabilidade do Ministério Público Estadual (MP). Na última terça-feira (5), o órgão divulgou que 80 depoimentos e 150 mensagens eletrônicas com fotos e vídeos haviam sido coletados.

O material deve embasar o procedimento criminal instaurado pelo MP e o inquérito civil, em fase de preparação.

Confira os relatos de Ícaro, Taciane e Rafaelin, atingidos por estilhaços de bombas entre outros artefatos da força policial. Eles falam sobre a experiência e suas sequelas físicas e emocionais.

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