As torturas deixaram sérios problemas de saúde em Samuel Baba. Na Suíça, ele passou por algumas cirurgias, inclusive para evitar necrose no maxilar. Um coágulo no cérebro causado por uma martelada causou-lhe epilepsia. Teve também um câncer provocado pelas pancadas na região abdominal. Baba se diz recuperado, até mesmo de problemas psicológicos. "Tinha mania de perseguição, não suportava ver filmes que mostrassem sessões de tortura. Agora superei", assegura.
Todos os danos físicos e morais, bem como os transtornos na vida profissional e afetiva, não convenceram o londrinense a entrar com pedido de indenização concedido pela lei. "Quem acaba pagando é o povo, que não tem nada com isso", justifica.
"Não tive tempo e nem vontade de ir atrás." Ele considera um tanto hipócrita falar de anistia justamente para ele e todos aqueles que sofreram por ter defendido a democracia. "Eles (os militares) é quem deveriam ter sido condenados", critica.
Não há números precisos sobre o total de mortos, desaparecidos, banidos e exilados pela ditadura militar. Estima-se que ao menos 10 mil pessoas tenham deixado o país, porém nem mesmo a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça tem esses dados. Acredita-se que cerca de 50 exilados ficaram no exterior, mas já visitaram o país. De acordo com a observadora permanente da Comissão de Mortos e Desaparecidos, Suzana Lisboa, ainda há cerca de 400 pessoas desaparecidas.
As indenizações, previstas na Constituição, estabelecem até 30 salários mínimos para cada ano de perseguição, sendo que o valor médio dos pagamentos varia de R$ 100 mil a 150 mil. (MB)
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