A churrasqueira cheia de entulhos da residência de Tereza Chalamai dos Santos, de 50 anos, e do marido João Batista dos Santos, em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, é um indicativo das sequelas sofridas por uma família vítima da morte no trânsito.
"Não tem mais gosto para fazer o churrasco de todo o domingo. Antes, era em todos os finais de semana", conta Tereza. A tristeza se deve à morte do filho, Flavio Chalamai dos Santos, de 21 anos, em 27 de novembro de 2008. Conforme o relato de testemunhas, o jovem conduzia sua motocicleta e foi fechado por um caminhão, que cruzou a preferencial, por volta das 11h30. Flavio morreu no local, em um domingo de sol. E de churrasco.
Desde então, a família se sente destruída. O rapaz havia saído de casa apenas para buscar a namorada, mas, como ela não estava em sua residência, ele retornava. A avó e a tia estão em depressão, e a única motivação dos pais para seguir em frente é a existência de outro filho, Gustavo, de 22 anos. "Estamos na luta para tentar provar a culpa do condutor do caminhão há dois anos. Até agora, não conseguimos nada. Não quero indenização, quero justiça", diz Tereza. João Batista continua a trabalhar com sua moto e atribui a culpa dos acidentes à falta de respeito dos outros condutores. "Falta atenção às pessoas para dirigir", relata.
Sem ninguém
Maria Sidney Fernandes, de 52 anos, não sabe nem como foi o acidente que vitimou seu filho, Heraldo Fernandes Junior, de 23 anos, em 18 de janeiro de 2009. "Ele se acidentou às 2h20 e morreu três horas depois no Hospital do Trabalhador. Seu celular sumiu e nunca mais apareceu", conta.
"Minha estrutura familiar acabou. Você tinha um filho dentro de casa e, de repente, fica sem ninguém", diz Maria (a segunda filha do casal já saiu de casa). No caso de Maria, ela se assustou quando soube que o filho havia comprado uma moto. "Sempre ouvi e achei que era muito perigoso andar de moto. Ele morreu oito meses depois de tê-la comprado", diz a mãe.
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