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 | Giuliano Gomes/Tribuna do Paraná
| Foto: Giuliano Gomes/Tribuna do Paraná

Vítima de três assaltos em menos de seis meses, que lhe renderam uma casa com cômodos vazios e um prejuízo de cerca de R$ 30 mil, o autônomo Luciano*, 31 anos, e sua família vivem amedrontados. Moradores da região do Jardim Pinheiros, no bairro Santa Felicidade, eles tiveram a casa invadida pela primeira vez em novembro do ano passado, e de lá para cá, sofreram mais um furto e um roubo. Essa matéria faz parte do projeto especial “Caçadores de Notícias”, da Tribuna do Paraná.

Leia abaixo: Comerciantes cobram policiamento

“Quando a gente veio para cá, imaginei que fosse um bairro tranquilo, pelo padrão das casas. Mas em poucos meses morando aqui, entraram na nossa casa. A primeira vez foi no dia 17 de novembro (de 2016). Eu estava no trabalho e meus filhos na escola. Quando cheguei, vi que meu portão não abria normalmente e ao entrar, vi a porta arrebentada. O ladrão entrou pela janela e estourou a porta para sair com todas as nossas coisas, minha sala estava completamente vazia. Estimo que nosso prejuízo foi de uns R$ 30 mil”.

PM diz que está presente

Sobre as queixas relacionadas à falta de segurança em Santa Felicidade, a Polícia Militar do Paraná informou que, por meio do 12.º Batalhão, está fazendo o policiamento preventivo e ostensivo no bairro com equipes da Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam), Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (Rocam) e a Radiopatrulha (RPA). “No início deste ano novos policiais militares foram integrados à unidade e reforçam as atividades operacionais da PM”.

A orientação da PM é de que “o cidadão denuncie qualquer situação ilícita pelo telefone 190, repassando informações sobre pessoas e veículos suspeitos que estejam perambulando pelo bairro a fim de que uma viatura possa ir até o local e fazer a abordagem. Em situações de crimes já ocorridos, a vítima deve fazer o Boletim de Ocorrência com a maior quantidade possível de informações e detalhes, pois isto auxilia na localização posterior dos autores e contribui para o readequamento de policiamento nos locais com maior necessidade”.

De acordo com a PM, tomar cuidados básicos, como o de evitar objetos de valor quando transitar na rua e não deixá-los à mostra, para que oportunistas não se aproveitem, pode ajudar a prevenir os crimes. “Vale salientar que não se deve reagir à ação dos suspeitos, procurando atentar-se a detalhes das características dos autores para, ao fazer a denúncia, facilitar a localização pelas forças policiais”, reforça.

Depois desse episódio, ele conta que foi conversar com os outros moradores, para saber mais sobre a segurança no bairro. “Fui perguntar para os vizinhos, para saber se o bairro era perigoso. E eles contaram que a maioria das casas da rua já foi assaltada. Acho que 80% delas já foram invadidas pelos bandidos”.

Mesmo sem ter mais o que ser levado, Luciano conta que pouco tempo depois, no começo de dezembro entraram novamente em sua residência. “Na segunda vez, acho que por raiva de não ter o que levar, ele arrombaram todas as portas da casa, já que eu tinha trancado todos os cômodos”. E o drama da família não parou por aí.

Dias mais tarde, levaram seu carro, desta vez, sob ameaça. “Foi no dia 30 de dezembro, por volta de 22h, quando fui abordado por um bandido. Eu estava voltando do mercado, com minha mãe e filha no carro. Ele chegou apavorado e disse que estava armado e mandou a gente descer do carro. O pior foi meu filho, de nossa sala, ver eu sendo rendido, jogado no chão e chamado de otário e vacilão”, desabafa.

No primeiro e no terceiro episódios, o autônomo chamou a Polícia Militar e também registrou boletim de ocorrência na delegacia. No entanto, somente seu carro foi recuperado, com algumas avarias. Dos equipamentos eletrônicos e demais objetos levados de dentro de sua casa, ele nunca soube o paradeiro. Após tanta violência, a família segue lutando para seguir com a rotina diária e para conquistar aos poucos o que os bandidos levaram. Um dos bens mais importantes, a certeza de poder sair e voltar para casa em segurança, está difícil de ser recuperada.

“Eu nunca fui ‘cabreiro’, desconfiado, mas agora me preocupo até quando me cumprimentam. Hoje meu maior medo é de não ter a oportunidade de falar para o bandido: pode levar tudo, mas não machuque minha família. A gente pensou em comprar outra casa, mas mudamos de ideia. E para poder continuar morando aqui, vamos ter de melhorar a segurança, o que deve custar pelo menos R$ 10 mil. A gente vai colocar alarme, câmera e trocar as portas e as janelas. Até acho que a polícia é prestativa, mas temos muito mais ocorrências do que policiais nas ruas”, diz Luciano.

*Nome fictício, trocado a pedido do entrevistado, para preservar sua identidade.

Comerciantes cobram policiamento

Também morador do bairro, o comerciante Valter Rodrigues, 50, conta que já foi alvo dos bandidos, em casa e em seu estabelecimento. “No último, em outubro do ano passado, bandidos armados invadiram o açougue, levaram carnes e dinheiro do caixa. E há dois meses, entraram na minha casa. De lá levaram TV, tênis e outros objetos. Eram umas 10h, meu filho estava sozinho em casa, dormindo no quarto e, por sorte, não foram até lá. Pouco tempo depois, na semana seguinte entraram num sobrado próximo. Sabemos que eles estão entrando em muitas casas aqui de Santa Felicidade”, relata.

Segundo ele, a polícia foi ágil, quando acionada. “Chamei a polícia e eles vieram rápido. Mas nem sempre é assim. Para inibir os roubos, precisamos de mais viaturas nas ruas, de mais policiamento”.

Outra comerciante, Raquel Oliveira, 40, diz que além dos prejuízos com os roubos, ela ainda precisa arcar com outra despesa para poder trabalhar. “Fomos assaltados três vezes no ano passado. Eles chegam armados e levam cigarros, bebidas e dinheiro, além da carteira e dinheiro dos funcionários. Na rua onde temos nosso comércio, os roubos são diários. Para conseguir trabalhar, contratamos um segurança, que fica na nossa porta do meio-dia às 20h. Um gasto extra que temos que desembolsar para ter segurança. Precisamos urgentemente de mais policiamento e segurança”, reclama.

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