O seqüestro da família do piloto José Melo Viana é o terceiro praticado no Paraná por membros do Primeiro Comando da Capital (PCC). Há quatro meses, em Mandaguari, na região de Maringá, cinco homens invadiram a casa de um gerente do Banco do Brasil e tomaram como reféns a esposa, o cunhado e a filha de 10 anos. Os seqüestradores pediam R$ 1 milhão de resgate, mas desistiram do crime após o depósito ter sido bloqueado. As vítimas foram mantidas por 20 horas em cativeiro e depois liberadas. Cinco pessoas foram detidas. O mentor do seqüestro seria Joélcio Marques de Souza, 40 anos, que está preso no presídio de Presidente Wenceslau (SP) e é membro do PCC. O dinheiro seria utilizado para pagar advogados que trabalham para o grupo.
O outro seqüestro que teria sido comandado por quatro membros da facção criminosa envolveu a esposa de um empresário do balneário de Grajaú, em Pontal do Paraná. O seqüestro durou cinco dias e o cativeiro funcionava no balneário de Gaivotas, em Matinhos. Os seqüestradores pediram R$ 60 mil para a família. O caso também foi solucionado pela polícia, que libertou a vítima e prendeu os seqüestradores. Segundo o delegado do Tigre (grupo de elite da Polícia Civil), Riad Farhad, aquele teria sido o primeiro seqüestro comandado pela facção criminosa no estado.
Penitenciárias
O PCC também já comandou ações em penitenciárias do estado. A primeira foi em junho de 2001, na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara. A rebelião durou seis dias e resultou na morte de um agente penitenciário e de três presos (que foram decapitados). Naquela ocasião, 23 detentos que integram a facção criminosa foram transferidos para outros estados.
Mesmo com a transferência, o bando não deixou de atuar nas penitenciárias do Paraná. Logo após a inauguração da Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP), em abril de 2002, houve outro motim liderado por membros da facção criminosa. A ação fez com que o governo do estado criasse, no início da atual gestão, um regime especial para tratar os presidiários considerados perigosos. A 7.ª galeria, na PEP, foi totalmente reservada para abrigar esses bandidos. Lá, eles são mantidos isolados e cada um ocupa uma cela.
Outro grande motim com envolvimento do grupo ocorreu em novembro de 2003, durante uma reforma na 7.ª galeria. Foram 14 horas de rebelião envolvendo 21 presos. Dois foram mortos e três agentes foram mantidos como reféns durante 12 horas.
No dia 11 de abril deste ano, líderes do PCC organizaram uma greve de fome que teve a duração de 17 dias, na mesma 7.ª galeria da PEP. O objetivo era forçar a transferência de alguns deles para unidades prisionais de outros estados.
Apesar de todas essas ações da facção criminosa no estado, o secretário estadual de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, garante que o grupo não está instalado no Paraná. "Não é um indicativo da atuação do PCC no estado", disse.