O documentário “Entre Lobos”, sobre o problema da violência na sociedade brasileira, entra no catálogo da Brasil Paralelo em três episódios que ficarão disponíveis a partir da próxima segunda-feira (20). Dirigida por Silvio Medeiros, a obra traça um diagnóstico dos desafios da segurança pública no Brasil, mostrando como a corrupção nos órgãos governamentais, algumas decisões do Poder Judiciário e a influência de certas ideologias no campo da política, da sociologia e da genética contribuem para transformar o Brasil em um dos lugares mais violentos do mundo.
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“O debate público a respeito dos índices de criminalidade no Brasil gira muito em torno do que nós diagnosticamos no documentário como consequência final de toda uma cadeia criminal que vai acabar com assalto, latrocínio, roubo, sequestro, estupro… Hoje, esse debate é muito a respeito das consequências. A nossa abordagem foi descobrir quais são as causas do crime”, afirma Medeiros.
A partir daí, segundo ele, é possível divisar saídas para o problema. “Há solução. É possível não apenas sonhar com um Brasil onde a gente sai na rua sem medo. Mas, para isso, a gente precisa entender as causas do problema e o papel do Estado na coibição da ação criminal e na promoção do comportamento civilizado.”
“Entre Lobos” custou R$ 1 milhão e foi filmado em 13 cidades diferentes, com 50 entrevistados. O primeiro episódio do documentário traz depoimentos de Anderson Torres, ministro da Justiça e Segurança Pública, Roberto Motta, ex-secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, João Henrique Martins, cientista político especializado em economia criminal, Marcelo Rocha Monteiro, procurador de Justiça do Rio de Janeiro, Rodrigo Pimentel, ex-capitão do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) do Rio de Janeiro, e de Capitão Derrite, deputado federal.
O episódio inicial mostra dados alarmantes, como o de que 500 mil criminosos condenados que deveriam estar presos no Brasil se encontram soltos por diferentes motivos. Na tese do documentário, o problema se deve em grande parte à profissionalização do crime e à benevolência de certas ideologias e do Poder Judiciário com os bandidos.
Entre a população, normalizam-se estratégias de proteção como não caminhar na rua em certos horários, evitar o uso do celular na rua, usar cercas elétricas e outros métodos de proteção para as residências e blindar carros, prática na qual o Brasil é recordista mundial, conforme o documentário.
“Entre Lobos” discute como o problema da violência é agravado por certas ideologias que prevalecem na sociedade – entre elas, a teoria do “bom selvagem”, do filósofo francês Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), segundo a qual os homens nascem bons, mas a sociedade os corrompe. Esse tipo de concepção antropológica invade o debate público no Brasil, alimenta a defesa do antipunitivismo e influencia decisões do Judiciário que chegam a liberar da prisão grandes líderes do narcotráfico.
A situação da violência nas favelas do Rio de Janeiro é um dos grandes focos do primeiro episódio. A complexa relação do narcotráfico com políticos, membros das polícias e do Poder Judiciário é relatada pelos entrevistados. Rodrigo Pimentel, ex-capitão do Bope, relata, por exemplo, a existência das “black spots”, áreas de acesso negado ao Estado, que só costumam ser vistas em situações de guerra.
O documentário também traça um panorama histórico da Cracolândia, em São Paulo, revelando como o poder público sucumbe à pressão de grupos ideológicos e se torna incapaz de resolver o problema.
Nos minutos finais, o primeiro episódio de “Entre Lobos” indica um possível caminho para começar a solucionar o problema da segurança pública nas grandes cidades, exaltando o exemplo de Nova York durante a prefeitura de Rudolph Giuliani nos anos 1990. A cidade norte-americana reduziu de forma expressiva o problema no setor da segurança pública investindo em uma política de tolerância zero contra a violência, baseado na “teoria das janelas quebradas”.
A estreia marcada para o dia 20 é exclusiva para assinantes da Brasil Paralelo. O primeiro episódio será liberado no YouTube em uma data ainda não definida.
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