Um servidor administrativo da Polícia Federal (PF) de Curitiba foi preso na manhã desta quinta-feira (12) por agentes da própria PF, após denúncias de que ele exigia propina para autorizar o funcionamento de empresas da área de fabricação de produtos químicos. O acusado trabalhava na sede da Superintendência Regional da PF no Paraná, no bairro Santa Cândida, no setor de controle de produtos químicos.

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Segundo a PF, as investigações começaram no fim de setembro, após denúncias recebidas por empresários que relataram a exigência de valores por parte do servidor para a tramitação de pedidos de autorização de funcionamento de companhias. A fabricação e o controle de alguns tipos de químicos são controlados pela PF pela potencial utilização dos produtos e equipamentos no processo de refino de cocaína.

Durante a investigação, várias provas que confirmariam as denúncias foram colhidas e apresentadas ao juízo da 2ª Vara Criminal da Justiça Federal, que decidiu pela prisão preventiva do servidor. No processo são atribuídos ao preso crimes contra a administração pública, como inserção de dados falsos em sistema de informações, concussão (extorsão praticada por servidor público), prevaricação e advocacia administrativa, além de lavagem de dinheiro.

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A PF explica, em nota, que, paralelamente ao processo criminal, um procedimento administrativo, a cargo da Corregedoria Regional da PF, foi aberto para apurar as responsabilidades disciplinares do funcionário. Ele será investigado ainda na esfera civil, pelo Ministério Público Federal (MPF) por ato de improbidade administrativa. Nas três instâncias – administrativa, civil e criminal –, dentre outras sanções, a comprovação da responsabilidade do suspeito implica na perda do cargo público.

Policiais envolvidos em crimes

Nas últimas semanas, vários servidores ligados a órgãos policiais do Paraná têm sido alvo de denúncias e prisões por suspeita de participação em crimes. No último dia 4, dois policiais civis e um guarda municipal de Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná, foram presos acusados de concussão e cárcere privado. De acordo com o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público (MP), o grupo teria mantido uma mulher acusada de tráfico de drogas presa dentro da casa dela e exigido o pagamento de R$ 100 mil para não levá-la à cadeia.

No mesmo dia, quatro policiais militares foram denunciados pelo MP pela morte de um jovem, no bairro Santa Cândida, no dia 4 de abril. O repositor de supermercado Diogo Chote, 24 anos, foi executado com cinco tiros, um no olho, um no pescoço e três no peito. O tenente Wagner de Araújo, de 29 anos, e os soldados Jonathan James Zanin, 27, Alexandre de Oliveira, 31, e Norberto Siqueira Adolphato, 33, foram denunciados por homicídio triplamente qualificado.

Uma semana antes, no dia 30 de outubro, outro policial civil foi preso em Foz do Iguaçu. O servidor, que trabalhava na Delegacia da Mulher, em Curitiba, foi pego em flagrante com outras três pessoas acusadas de tráfico internacional de armas de fogo. Todos estavam em um hotel próximo à Ponte Internacional da Amizade de posse de duas armas e aproximadamente 2,6 mil cartuchos de munição de diversos calibres em um veículo.

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Também no dia 30, a Justiça decretou a prisão de 13 policiais militares de Curitiba. Eles são suspeitos de executar cinco jovens, no último dia 11 de setembro, em um matagal no Santa Cândida. Embora tenham alegado que as mortes ocorreram em uma troca de tiros, um rastreador instalado em um dos carros da PM mostrou que o caminho feito pelos policiais para levar os rapazes ao hospital foi diferente do relatado oficialmente, o que indica uma possível parada para a execução dos jovens.

E segundo a própria PF, no dia 23 de outubro, 11 policiais federais que atuavam na cidade de Foz do Iguaçu foram expulsos da corporação acusados de corrupção. Os agentes trabalhavam na região da Ponte Internacional da Amizade e, segundo apontaram as investigações, exigiam propina para liberar a passagem de contrabando na fronteira. Os servidores estão presos desde 2002, quando começaram as investigações.

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