Reajuste maior é derrubado
A emenda proposta pela bancada de oposição na Câmara, que previa uma reposição de perdas no total de 14,6% aos servidores e não de 0,25% , foi reprovada por 23 votos a 7. Também acabaram derrubadas outras duas emendas, que propunham o abono de faltas por greves realizadas em 2007 e a correção salarial dos servidores mais antigos em relação aos que estão no funcionalismo público há menos tempo. Foi aprovado apenas o reajuste salarial de 6,5% oferecido pela prefeitura há duas semanas.
Durante a discussão da matéria, as galerias da Câmara ficaram lotadas de servidores. Dezenas de outros foram impedidos de entrar porque, segundo os vereadores, a estrutura do prédio onde fica o plenário apresenta rachaduras e comporta apenas 50 pessoas. A decisão, porém, não impediu que os manifestantes gritassem palavras de ordem pelo aumento salarial e interrompessem a sessão em vários momentos.
O líder do prefeito Beto Richa, vereador Mario Celso Cunha (PSDB), destacou que, em meio à crise da economia mundial, a prefeitura teve responsabilidade e ofereceu um aumento de 6,5%, dentro de suas possibilidades orçamentárias.
Já a vereadora Professora Josete, líder do PT e uma das autoras das emendas reprovadas ontem, disse que esse momento de crise exige cautela, mas não pode ser usado como desculpa para o trabalhador sair prejudicado.
Euclides Lucas Garcia
Professores e servidores públicos municipais prometem fazer greve a partir do dia 15 de abril. A decisão foi tomada ontem, em assembleia, depois de uma rodada de negociações com a prefeitura. Os servidores pleitearam um aumento de 39,52%, enquanto a prefeitura resolveu manter a proposta de 6,5%, aprovada pela Câmara Municipal. Ontem, ainda, os servidores participaram de uma passeata pelas ruas centrais e paralisaram parte dos serviços públicos.
De acordo com o levantamento da prefeitura, foram registradas 866 ausências dos servidores em seus postos de trabalho. Das 174 escolas municipais, 40 ficaram fechadas pela manhã (cerca de 23%). Apenas uma delas voltou a abrir no período da tarde. As creches não teriam sido afetadas pela paralisação. Na saúde, das 117 unidades, 16 teriam funcionado parcialmente (13,7% aproximadamente).
Já segundo o levantamento do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc) e do Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal (Sismmac), 60% dos 35 mil servidores aderiram à paralisação (cerca de 5 mil são aposentados, segundo a prefeitura). Levantamento dos sindicatos indica também que 74 escolas foram atingidas.
Nas contas, não entram as escolas que funcionaram parcialmente, ou seja, não liberaram alunos, mas sofreram com a falta de parte de professores. "Minha filha, que estuda de manhã, permaneceu na escola no horário normal, mas disse que só havia quatro professores dando aula", conta a bancária Edina Braus Guilherme, 43 anos. "Pelo lado dos nossos filhos, não é boa essa paralisação, porque eles são afetados. Mas, pelo lado profissional, eu entendo eles (servidores) quererem reivindicar algo melhor", opinou Edina.
Negociação
Ontem pela manhã, os servidores municipais saíram em passeata da Praça Santos Andrade, no Centro, em direção à prefeitura, no Centro Cívico. Segundo estimativas da Diretoria de Trânsito de Curitiba (Diretran), o protesto reuniu 2,5 mil pessoas. Já os coordenadores do movimento afirmam que a multidão somava 5 mil professores e servidores municipais. Os manifestantes percorreram as principais ruas do centro acompanhados de cinco carros de som. Durante a passeata, o trânsito das ruas da região central ficou complicado.
De acordo com os sindicatos, os trabalhadores pedem 39,52% de reposição salarial, sendo a maior parte referente a acúmulos de perdas ocorridas na última década. Os servidores municipais também lutam pela ampliação da hora-atividade, revisão no plano de carreira, entre outros. Os trabalhadores criticam as condições de trabalho com salas lotadas e o fato de parte da remuneração ser variável.
Durante a rodada de negociações de ontem, a prefeitura se comprometeu a fazer uma nova avaliação dos indicadores até julho. Os trabalhadores não aceitaram a proposta e decidiram pela greve.
"Nós votamos por uma greve para o dia 15 de abril. Se nos chamarem para uma negociação que contemple as nossas reivindicações, podemos rediscutir a decisão", disse a presidente do Sismmac, Simeri Ribas Calisto. Caso a greve se confirme, os setores mais afetados devem ser a saúde e a educação. O transporte público não deve ser comprometido, já que os trabalhadores são de empresas terceirizadas.
"Nós estamos à disposição para manter a negociação. Mas, com os últimos fatos financeiros (crise financeira mundial), a proposta da prefeitura é a executável no momento. Até julho, podemos reavaliar os indicadores e fazer mais uma rodada de negociações, mas, agora, neste cenário de incertezas, temos que manter uma posição conservadora", disse o secretário municipal de Recursos Humanos, Paulo Schi-midt. Segundo Schimidt, a negociação em relação a outros pontos da pauta de reivindicações segue até o dia 17 de abril.
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