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Saúde

Servidores de hospitais de 5 cidades do PR cruzaram os braços em protesto

Servidores protestam em frente ao hospital Eulalino Inácio de Andrade, na zona sul de Londrina | Roberto Custódio / JL
Servidores protestam em frente ao hospital Eulalino Inácio de Andrade, na zona sul de Londrina (Foto: Roberto Custódio / JL)

Um protesto de servidores ligados à saúde prejudicou o atendimento em hospitais de ao menos cinco cidades paranaenses nesta terça-feira (4). São dois em Londrina (Anísio Figueiredo e Eulalino Inácio de Andrade), um em Paranaguá (Regional do Litoral), um em Francisco Beltrão (Regional do Sudoeste), um em Guaraqueçaba (Regional de Guaraqueçaba) e um em Cascavel (Universitário). O protesto também afetou o funcionamento dos prédios das regionais de saúde de Cianorte e Apucarana, mas não os postos de atendimento. A paralisação teve início às 7 horas e seguiu até as 19 horas, de acordo com o Sindicato dos Servidores Estaduais da Saúde do Paraná (SindSaúde).

Para o SindSaúde, pelo menos 600 servidores participaram da paralisação em todo o estado. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), porém, aponta que apenas 135 profissionais não trabalharam.

Pode haver uma nova paralisação de servidores na próxima terça-feira, segundo Elaine Rodella, secretária-geral da Sindisaúde. "Depende da reação do governo. Estamos esperando que eles nos chamem para conversar amanhã e que tragam propostas boas", afirma.

Em Londrina, os hospitais Anísio Figueiredo (Zona Norte) e Eulalino Inácio de Andrade (Zona Sul) tinham apenas 30% dos servidores trabalhando nos setores de urgência e emergência das unidades. Em Paranaguá, o esquema foi semelhante, com quadro reduzido de funcionários trabalhando. Já em Cascavel a estimativa dos manifestantes era de que a adesão à paralisação chegou a 90% do quadro no Hospital Universitário, mas a Unioeste disse que o atendimento não foi prejudicado.

Entre as reivindicações da categoria está a negociação do plano de cargos, carreiras e salários. "Estamos há 2 anos e meio negociando com o governo do estado para que o nosso plano seja regulamentado por lei, mas até agora nada", reclamou a presidente do SindSaúde, Mari Elaine Rodela. Segundo ela, o pedido para a criação do projeto de lei foi entregue no começo do governo Beto Richa (PSDB), mas não houve resposta.

O reajuste de 6,4%, anunciado pelo governo do estado a todo o funcionalismo público, foi considerado insuficiente pela presidente do sindicato. Além de um reajuste maior, para repor as perdas salariais, o SindSaúde pede também aumento no vale transporte. A proposta do governo é de R$ 124. "Nosso pedido é de um reajuste de 24% com base na tabela inicial, o que dá algo em torno de R$ 180 de vale transporte".

Outra reivindicação do sindicato é referente ao uso de declarações médicas para justificar a ausência dos servidores em tratamento de saúde. Quando algum servidor tem que se ausentar do trabalho seja para uma consulta médica, seja para levar algum dependente, como pais ou filhos pequenos, ao médico ele tinha a falta abonada com o uso da declaração médica, da mesma maneira que o uso do atestado nas empresas particulares.

De acordo com Mari, essa prática foi descontinuada no governo Beto Richa. "Agora eles querem que a gente reponha esse dia. Isso é uma perda de diretos, é um absurdo criado pelo governador. Não causa impacto nenhum no orçamento do governo, e mesmo assim o governo não quer negociar", apontou.

Cirurgias suspensas por falta de roupas em Londrina

A presidente do SindSaúde afirmou que as cirurgias eletivas estavam suspensas no Hospital da Zona Norte, em Londrina, desde a última quarta-feira (29). Um problema nas roupas utilizadas pelos pacientes durante os procedimentos teria causado a paralisação. Apesar da situação não ter sido resolvida, as cirurgias eletivas foram liberadas nesta terça. "Isso é manipulação da Secretaria [Estadual] de Saúde, por meio da direção do hospital, para atribuir à paralisação a falta de condições de realizar as cirurgias", disparou.

Sindicato aponta déficit de 250 servidores em Cascavel

O protesto dos servidores ligados à Secretaria de Saúde (Sesa) do Paraná teve adesão de 90% dos funcionários do Hospital Universitário (HU) de Cascavel, no Oeste do Paraná, segundo a coordenação regional do SindSaúde. De acordo com a Unioeste, a paralisação não afetou os trabalhos e atendimento na unidade. Servidores da própria universidade mantêm a rotina junto com os funcionários da Sesa que não aderiram ao protesto.

De acordo com Neri Alves de Miranda, coordenador regional do SindSaúde, 184 servidores ligados à Sesa trabalham no HU em Cascavel. Segundo ele, o déficit é de 250 trabalhadores. "Queremos a contratação imediata. Bom salário e quantidade ideal de funcionários não fazem mal a ninguém", afirmou.

Manoel Furlan, diretor do sindicato, diz que dentro do hospital os servidores estão sobrecarregados. "Os trabalhadores estão adoecendo por excesso de atividades e condições precárias de trabalho", declara. Os manifestantes estão em frente ao Hospital Universitário de Cascavel e realizam bloqueios rápidos na Avenida Tancredo Neves para entregar panfletos.

Atendimento a pacientes internados é prejudicado em Paranaguá

Em Paranaguá, no litoral do estado o Hospital Regional funcionou com apenas 30% de seu efetivo, de acordo com informações do SindSaúde. O hospital, que é de referência para os sete municípios litorâneos, atende, em sua maioria, pacientes encaminhados dos postos de saúde.

A reportagem apurou que o tempo de espera de pacientes para o pronto atendimento era três vezes superior ao de um dia comum. Um enfermeiro que pediu para não ter seu nome identificado disse que a falta de funcionários está causando grandes problemas, pois os pacientes internados precisam receber medicamentos, visitas médicas, fazer a higiene, exames, e com o efetivo reduzido o serviço interno se torna mais difícil.

A dona de casa Regina da Silva, levou seu filho que estava com febre e diarreia, mas não conseguiu ser atendida. "Não sei mais a quem recorrer, levei meu filho no posto de saúde do Baduca e não havia médico e por isso vim ao Hospital Regional, mas também não consegui ser atendida. Vou ter que levar meu filho queimando de febre de volta para casa", disse ela.

O diretor administrativo do Hospital Regional do Litoral, José Nascimento Moura, disse que no dia de hoje foram priorizados casos de emergência. "Uma criança com febre que na triagem da enfermagem for identificado que não é um caso de emergência a orientação é que seja enviada para o posto de saúde", disse.

O diretor também contesta o número de 30% de efetivo apresentado pelo SindSaúde. "O contingente de trabalho é muito maior, no fim da tarde a Secretaria Estadual de Saúde apresentar um balanço oficial da greve", disse. "Mesmo assim, os setores mais prejudicados foram o centro cirúrgico e a lavanderia. Por isso cancelamos algumas cirurgias eletivas e fizemos uma força tarefa para realizar as emergenciais", completou o Moura.

Regional de Cianorte teve expediente durante a tarde

Servidores da 13ª Regional da Saúde, cuja sede fica em Cianorte, no Noroeste do Paraná, paralisaram parte das atividades nesta manhã. O responsável pelo SindSaúde no município e membro da direção do sindicato, Manoel Furlan, não soube precisar, por volta das 11 horas, quantos servidores cruzaram os braços, mas disse acreditar que pelo menos 30% estariam trabalhando nos setores essenciais. A unidade conta com aproximadamente 60 funcionários.

A paralisação em Cianorte deveria se encerrar ainda na manhã desta terça-feira, diferentemente de outros locais do estado, onde o protesto iria até as 19 horas. "Não vamos parar o dia inteiro porque são poucos funcionários na sede. Temos serviços diferentes de um hospital, com demandas muito maiores", declarou Furlan.

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