Greve ameaça Festival de Inverno
Uma assembléia a ser realizada na próxima segunda-feira pelo comando de greve, em Curitiba, deve decidir se haverá ou não a 17.ª edição do Festival de Inverno de Antonina, marcado para ocorrer de 7 a 14 de julho o evento é promovido anualmente pela UFPR. O coordenador-geral da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFPR (Proec), Guilherme Romanelli, diz que os representantes da Proec reconhecem a legitimidade do movimento grevista, mas que por causa dele o festival fica seriamente ameaçado. "Temos grande convicção de que o comando de greve vai entender a importância do festival acontecer, inclusive como parte das ações de greve, que poderão ser manifestadas pela arte", diz.
Hoje, o festival está impedido de acontecer porque não há processos tramitando no Departamento de Finanças da UFPR e os responsáveis pelo transporte de materiais estão parados desde o início da greve.
Depois de uma manifestação que durou aproximadamente uma hora, servidores técnico-administrativos do Hospital de Clínicas (HC) de Curitiba retiraram as mordaças que usaram como simbologia da escravidão e retornaram aos seus postos de trabalho ontem de manhã. Todos os setores do HC funcionaram normalmente, segundo informações do reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Carlos Augusto Moreira Júnior. Funcionários dos demais setores da UFPR, como dos restaurantes universitários e do setor de transportes, continuam em greve.
A volta ao trabalho no HC se deve, principalmente, à liminar expedida pela Justiça Federal e à determinação do reitor de criar uma comissão para avaliar cada caso e aplicar sanções aos faltosos, que podem ir desde advertências até a perda do emprego, sem a possibilidade do funcionário penalizado tornar-se novamente servidor público.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino do Terceiro Grau Público de Curitiba (Sinditest), José Carlos Belotto, os servidores estão frustrados porque não foi possível derrubar a liminar que determina que todos os funcionários do hospital que faltarem ao trabalho tenham os dias descontados na folha de pagamento. "Decidimos nos manifestar em frente ao hospital para comemorar a volta da escravidão. Nós, trabalhadores, não temos mais direito à greve mesmo que todos estejam trabalhando em condições subumanas", reclama Belotto.
Mas se por um lado as questões do movimento grevista foram resolvidas, por outro as promessas de radicalização aumentam. "Vamos intensificar a greve na universidade. Pretendemos interromper o segundo semestre da instituição porque não efetuaremos as matrículas", diz o presidente do Sinditest.
Negociação
Em Brasília, a terceira rodada de negociações com os ministérios do Planejamento e Educação foi demorada e cheia de divergências. Representantes dos ministérios questionaram os coordenadores da Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra) sobre o porquê deles continuarem em greve se o governo está negociando. "A possível punição aos servidores será discutida só quando houver um acordo", afirma o delegado do Sinditest, Luiz Fernando Mendes, que está participando das negociações na capital federal.
Sobre a atualização da tabela salarial, o governo contestou os R$ 5 bilhões apresentados pelo comando de greve. Segundo os cálculos do governo, seriam necessários R$ 9 bilhões por ano para implantar a nova tabela. Como não houve acordo, uma nova rodada de negociações ocorrerá no dia 2 de julho.
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