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Policiais militares e civis, professores e demais servidores estaduais decidiram voltar ao trabalho na terça-feira (4), após terem paralisado suas atividades nesta segunda.

Apesar da trégua, os funcionários ameaçam uma greve geral a partir de 18 de agosto em protesto à decisão do governo de José Ivo Sartori (PMDB) de parcelar os salários dos servidores.

O secretário Márcio Biolchi, da Casa Civil, recebeu representantes de diversas entidades no final da manhã desta segunda (3). Biolchi pediu “compreensão” aos servidores, mas disse que não é possível o pagamento integral dos salários.

Nesta segunda, o Estado chegou a usar policiais em formação no policiamento ostensivo, segundo a Abamf (Associação dos Servidores de Nível Médio da Brigada Militar).

O presidente da Abamf, Leonel Lucas, diz que alunos foram deslocados para as ruas “para dar impressão de normalidade”.

Segundo Lucas, além de não terem a formação completa, os alunos da Brigada Militar estão vestindo coletes com a data de validade vencida. “Estão colocando a vida deles em risco”, afirma Lucas.

A Abamf chegou a pedir a prisão do governador José Ivo Sartori (PMDB) por descumprimento de ordem judicial que proibia o parcelamento dos salários. Segundo o TJ, o pedido ainda não foi julgado.

À reportagem, a Secretaria de Segurança Pública informou que o número de ocorrências não aumentou por causa da paralisação dos policiais.

Em nota, o comando da BM disse que em praticamente todas unidades há “manifestações pacíficas”.

A reportagem circulou por diversas ruas do centro de Porto Alegre durante a manhã e tarde e não viu nenhum policial, exceto em frente ao Palácio Piratini durante protesto dos servidores estaduais.

A reportagem também visitou uma delegacia, praticamente vazia exceto pelos poucos funcionários. Sem querer se identificar temendo retaliação, eles contam que a parcela do salário depositada já foi usada para pagar financiamentos de imóveis e contas como água, luz e telefone.

“A sensação de insegurança é crescente há bastante tempo”, diz Rogério Bilhalva, segundo vice-presidente do Sinpol (Sindicato dos Servidores da Polícia Civil), que representa 5.700 funcionários, metade do déficit necessário.

“Negociação não tem nesse governo”, diz Henrique Bueno Machado, presidente do Sindiperícias (Sindicato dos Servidores do Instituto Geral de Perícias) sobre o parcelamento dos salários.

O Rio Grande do Sul é proporcionalmente o Estado mais endividado do país e convive há anos com sucessivos deficits no Orçamento. Desde que assumiu, em janeiro, Sartori atrasa repasses a saúde e a fornecedores para priorizar o pagamento do funcionalismo.

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