Servidores técnico-administrativos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) fizeram ontem pela manhã um ato de protesto no gabinete do reitor Carlos Augusto Moreira Júnior. Eles pediram o arquivamento dos processos administrativos disciplinares (PADs) abertos contra 28 servidores do Hospital de Clínicas (HC) que continuaram em greve após a liminar que determinou o imediato retorno dos trabalhadores, expedida pela Justiça Federal no dia 6 de junho. Os servidores também protestaram na sala da direção do HC.
"Este tipo de punição nunca ocorreu nos movimentos grevistas da universidade. Por isso solicitamos ao reitor para retirar os PADs", disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino do Terceiro Grau Público de Curitiba (Sinditest), José Carlos Belotto. Além do Paraná, os processos disciplinares foram instaurados somente no Espírito Santo. "É muito específico. A Federação de Sindicatos de Trabalhadores de Universidades Brasileiras também emitiu carta pedindo a compreensão dos reitores. Ela foi entregue no encontro", afirmou Belloto.
O reitor da UFPR disse que a decisão de retirar os processos não depende dele. "Ainda hoje (ontem) liguei para a Procuradoria Federal e verifiquei a possibilidade de acabar com os PADs. Eles prometeram dar uma resposta na próxima terça-feira sobre o assunto", afirmou Moreira Júnior.
Ontem foi realizada a nona rodada de negociações entre o comando de greve geral e os ministérios do Planejamento e da Educação, mas até o fechamento desta edição a reunião não havia terminado. O encontro pode ser decisivo para que a greve dos servidores chegue ao fim. O governo federal deve se posicionar em relação às contrapropostas apresentadas e, caso aceite o pedido do comando geral, os servidores devem voltar ao trabalho na próxima semana. A categoria está em greve há 82 dias.
Mesmo com o retorno dos funcionários, os problemas nas universidades federais não deverão terminar. Agora são os professores que estudam a possibilidade de entrar em greve a partir de setembro. Os sindicatos dos docentes planejam um indicativo de greve, que deve ganhar força depois do dia 23 deste mês, caso o Ministério do Planejamento não apresente alternativas para algumas reivindicações entregues ao governo há quatro meses. "Estamos conscientes dos problemas que os alunos já vêm enfrentando com a greve atual, por isso acreditamos que a paralisação dos professores pode ser evitada se na audiência do dia 23 o governo se posicionar sobre nossos pedidos", afirmou o presidente da Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes), Paulo Rizzo.