Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Caso Tayná

Sesp coloca novo delegado no caso Tayná e muda rumo das investigações

Tayná foi encontrada morta em parque de diversões | Reprodução/Facebook
Tayná foi encontrada morta em parque de diversões (Foto: Reprodução/Facebook)

A Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR) vai mudar mais uma vez o delegado responsável pelas investigações em relação ao caso do assassinato da adolescente Tayná Adriane da Silva, de 14 anos. A decisão foi tomada depois de uma reunião com todos os órgãos envolvidos na investigação. A assessoria de comunicação da Sesp, que confirmou nesta quarta-feira (10) três mudanças principais nas investigações, ainda não tinha o nome do novo delegado designado até as 9 horas.

Pelo menos três delegados já atuaram nas investigações da morte de Tayná. O titular da Delegacia do Alto Maracanã, Silvan Pereira, foi o primeiro. Durante o processo, o delegado Fábio Amaro também assumiu interinamente a delegacia do Alto Maracanã para conduzir os trabalhos da polícia. Houve ainda a participação de Agenor Salgado Filho, delegado titular da Divisão de Polícia Metropolitana (DPMetro).

O Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), cujo titular é Amarildo Antunes, também foi acionado, mas não para atuar na investigação do caso Tayná. Sérgio Amorin da Silva, um dos suspeitos, teria admitido ter matado uma mulher em Guaratuba, no litoral do Paraná, em maio do ano passado. O Cope apurou especificamente este caso e constatou que Silva não cometeu esse crime.

Conforme a assessoria da Sesp, além da nomeação de um novo delegado, Vasques determinou que o assessor civil da Sesp, Rafael Vianna, vai acompanhar o trabalho de todos os órgãos que tiverem alguma relação com a investigação. Vianna é responsável pela interlocução entre a Polícia Civil do Paraná e a secretaria.

Outra medida tomada pelo secretário foi acionar a Corregedoria da Polícia Civil para apurar possíveis irregularidades. O órgão vai investigar a ocorrência de falhas ou omissões por parte dos policiais que atuaram no caso. Uma das principais respostas esperadas agora, no entanto, é sobre as acusações feitas pelo advogado de defesa dos quatro suspeitos de terem cometido o crime. O defensor Roberto Rolim de Moura Junior disse nesta terça (9) que os quatro confessaram o crime sob tortura. Ao advogado, eles teriam negado a participação no assassinato.

Sobre essa acusação, a assessoria da Sesp informou apenas que a Corregedoria vai fazer as investigações necessárias para saber se houve ou não tortura dos suspeitos.

O Ministério Público do Paraná, por meio da assessoria de imprensa, relatou que o promotor responsável pelo caso ainda não recebeu os laudos da perícia. O inquérito, feito pela Delegacia Alto Maracanã, foi enviado a Ricardo Casseb Lois, responsável pela comarca de Colombo na última segunda-feira (8). O promotor ainda analisa o documento e não tem informações oficiais sobre a possível ocorrência de tortura dos suspeitos.

Contradições

O caso é marcado por várias contradições divulgadas durante as investigações. Antes de o corpo ser encontrado, a polícia já tinha indicado quatro suspeitos como autores confessos de estupro seguido de morte. Nesta terça-feira (9), no entanto, a Sesp confirmou que o sêmen encontrado no corpo da jovem não pertence a nenhum dos sujeitos apontados como autores do crime. Até o momento, não foi identificado de quem é o material genético encontrado no corpo da adolescente.

Nesta terça (9), integrantes da Secretaria de Segurança Pública - entre delegados, peritos e legistas - e o Ministério Público se reuniram para discutir o caso. Depois da conversa, Alexandre Antonio Gebran, médico legista chefe do necrotério, disse que não poderia falar sobre o caso já que o MP determinou sigilo de justiça. "A única coisa que é possível afirmar até agora é que Tayná morreu por estrangulamento por asfixia mecânica. Estamos fazendo todos os exames, provas e contraprovas e por ética médica não posso dizer se houve ou não houve estupro", disse.

O crime

A menina foi encontrada morta após ficar desaparecida de 25 a 28 de junho em Colombo, região metropolitana de Curitiba. Segundo relatos iniciais dos acusados, e divulgados pela polícia na época, eles sabiam que a menina costumava passar por aquele caminho diariamente entre 17 horas e 17h30 e voltar entre 20h30 e 21 horas. Quatro suspeitos de cometer o crime foram indiciados com base nessas investigações iniciais: Sérgio Amorin da Silva Filho, de 22 anos, Paulo Henrique Camargo Cunha, 25, e Adriano Batista, 23, que teriam matado a garota após manterem relações sexuais forçadas com ela. Ezequiel Batista, 22, também foi indiciado, mas porque teria testemunhado tudo sem tentar impedir o assassinato e sem denunciar os comparsas.

De acordo com o delegado Fábio Amaro, que assumiu interinamente a delegacia após as férias do delegado titular, os presos já estavam arquitetando um plano de como violentá-la. Um deles teria batido na cabeça da jovem, para deixa-la inconsciente. Na versão inicial da polícia, ao chegar ao local do crime, a menina teria recuperado parcialmente a consciência, então Paulo, Sérgio e Adriano se revezaram praticando sexo anal e vaginal na adolescente por aproximadamente uma hora. Ezequiel, no entanto, teria ficado apenas observando. Na sequência, um dos homens usou o cadarço da bota da menina para estrangulá-la.

Quando a morte se dá por asfixia mecânica, o corpo dá alguns sinais. Um desses indícios, segundo o delegado, é o surgimento de um bolo fecal, onde foi comprovada a presença de sêmen. Por causa da ocorrência desse fato, o delegado Amaro conseguiu com que os acusados prestassem um novo depoimento mais detalhado sobre o caso. Neste segundo depoimento, os presos descartaram a suspeita de necrofilia, prática de ato sexual com cadáver, que havia sido apontada anteriormente.

Essas informações todas, agora, foram colocadas em xeque com o pronunciamento do advogado de defesa dos acusados, que, segundo ele, teriam confessado o crime sob tortura policial.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.