Grupos feministas e parentes da garota Rachel Genofre – encontrada morta aos 9 anos em 5 de novembro de 2008, dois dias após seu desaparecimento – farão um protesto nesta quinta-feira (5) para relembrar os sete anos da morte da menina. Eles cobram do governo do estado mais agilidade na resolução do caso, além de mais políticas públicas para diminuir os casos de violência contra a mulher e de feminicídio (homicídios de mulheres em situação de violência doméstica). O Paraná está entre os estados com maiores índices desses dois tipos de crime.
O caso
Rachel Genofre desapareceu no dia 3 de novembro de 2008, após deixar a escola em que estudava, no centro de Curitiba. Dois dias depois, o corpo da menina de 9 anos foi encontrado dentro de uma mala na Rodoviária de Curitiba. Desde então, alguns suspeitos foram apresentados pela Polícia Civil, mas nenhum deles foi acusado do crime. Em 2013, a antiga Delegacia de Homicídios (atual Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa – DHPP), chegou a divulgar fotos das roupas encontradas com a vítima na esperança de que pistas surgissem para a elucidação do caso. Familiares entraram com uma ação na Justiça contra o estado.
O ato vai começar na Praça Rui Barbosa, às 15h, no ponto de ônibus Vila Rex, onde a menina costumava pegar o transporte coletivo para retornar para casa após as aulas. De lá, os manifestantes vão em direção à Rodoviária de Curitiba, local em que o corpo da menina foi encontrado dentro de uma mala, com sinais de estrangulamento e violência sexual.No local, os participantes da manifestação farão oficinas de cartazes e apresentações teatrais sobre a violência contra a mulher.
Um evento no Facebook foi criado para divulgar a manifestação. Pela página, até as 16 horas desta quarta-feira (4), 379 pessoas haviam confirmado presença no protesto.
Reivindicações
Marici Seles, uma das organizadoras do evento, critica a falta de políticas públicas para o combate à violência contra mulher e ao feminicídio. “Atualmente o Paraná possui um plano estadual de combate à violência. Queremos que esse plano se efetive, saia do papel”. Ela afirma que a manifestação, apesar de ocorrer no dia em que se completam os sete anos da morte de Rachel, também serve para lembrar outros casos de violência que também permanecem impunes, como a morte de Tayná Adriane da Silva, 14 anos, encontrada sem vida em um terreno baldio em junho de 2013. O caso, repleto de reviravoltas, é outro que permanece sem solução.
A tia de Rachel, a pedagoga Maria Carolina Lobo Oliveira, cobra do governo do Paraná tecnologias para dar andamento às investigações sobre o crime e que consigam comparar códigos genéticos de suspeitos com o que foi encontrado no corpo da vítima. “Nós queremos mais atenção ao caso. É o mínimo que o Estado pode dar de resposta”, diz. A família reclama de morosidade nas investigações. Maria Carolina critica ainda a falta de estrutura no Instituto Médico Legal (IML) e no Instituto de Criminalística para a demora na resolução do caso. A família quer uma audiência com representantes do governo do estado para apresentar as reivindicações e cobrar solução para a investigação.
Questionada, a Polícia Civil informou, em nota, que “não estão sendo poupados esforços para solucionar o crime. Até o momento foram realizados mais de 200 exames de DNA com o perfil genético encontrado no corpo da menina”, diz o texto. O departamento diz que outras informações não podem ser divulgadas devido ao tipo de crime, às diligências realizadas e à idade da vítima. As investigações estão em segredo de Justiça, segundo a Polícia Civil.
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