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Os mortos estavam sem objetos pessoais ou armas e alguns deles estavam sem roupas | Yasuyoshi Chiba/AFP
Os mortos estavam sem objetos pessoais ou armas e alguns deles estavam sem roupas| Foto: Yasuyoshi Chiba/AFP

Pelo menos sete corpos foram localizados no interior da favela Cidade de Deus, na zona oeste do Rio, na manhã deste domingo (20). As mortes teriam ocorrido em confronto durante operação que começou na noite deste sábado (19), depois da queda do helicóptero da Polícia Militar, que deixou quatro mortos. Ainda não se sabe se a aeronave foi abatida ou sofreu uma pane, mas perícia preliminar mostra que policiais e helicóptero não foram atingidos por tiros. A cúpula da Segurança decidiu ocupar a comunidade por tempo indeterminado.

Os mortos estavam sem objetos pessoais ou armas e alguns deles estavam sem roupas. Moradores acusam policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) de terem executado os homens. “O problema é a forma como as mortes aconteceram. Eles eram traficantes, mas isso não justifica terem sido mortos com tiros à queima roupa e facadas”, afirmou o pastor Leonardo Martins da Silva. Entre as vítimas está o seu filho, Leonardo Martins da Silva Júnior, de 22 anos, que integrava a facção criminosa Comando Vermelho.

De acordo com moradores, os confrontos começaram na noite de quinta-feira (17), na Gardênia Azul, bairro vizinho à Cidade de Deus, numa disputa de territórios entre milicianos e traficantes. A Polícia Militar interveio e estendeu a ação para a Cidade de Deus, concentrando abordagens na região conhecida como Caratê.

Neste sábado a operação policial se intensificou. “A noite foi de terror. Tiroteio o tempo inteiro. Mas, pelo visto, esse pessoal foi morto quando já estava rendido”, disse uma moradora, que não quis se identificar. O confronto pior teria ocorrido por volta das 2h. Há informações de pelo menos mais três corpos em diferentes pontos da favela. “A gente paga impostos e é nosso direito que pelo menos o rabecão entre na comunidade para recolher os corpos”, afirmou o pastor.

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As reações entre os moradores se dividem. Alguns condenam a chacina. Outros elogiam a atuação do Bope e dizem que servirá de exemplo para outros criminosos.

Investigação

Integrantes do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) estiveram sábado à noite na Cidade de Deus para realizar as ações iniciais de apuração das causas da queda do helicóptero. Representantes do centro de Criminalística da PM e a Delegacia de Homicídios também estiveram no local.

Os militares que morreram são o major Rogério Rogério Melo Costa, 36 anos, o capitão Willian de Freitas Schorchi, 37 anos, o subtenente Camilo Barbosa Carvalho, 39 anos, e o terceiro-sargento Rogério Félix Rainha, 39 anos. Os corpos foram encaminhados ao Instituto Médico Legal e serão velados no Batalhão de Choque, no centro da cidade, na tarde de hoje, com exceção do capitão Schorcht, que será velado em Resende, no sul fluminense.

A PM lamentou a morte dos militares e informou que o comando da corporação vai prestar todo o apoio às famílias.

Na página oficial da PM no Facebook, a foto do perfil foi trocada por uma tarja preta e a palavra Luto. Uma mensagem em homenagem aos policiais mortos foi publicada hoje. No comunicado, é mencionada a morte de outro policial, ocorrida também nesse sábado – a do terceiro-sargento Cristiano Bittencourt Coutinho, que participava de outra operação quando foi atingido por um tiro. Ele também será velado no Batalhão de Choque.

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