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meio ambiente

Sete Curitibas sob os cuidados de um homem

Aroldo Fonseca lamenta não dar conta do trabalho | Walter Alves/ Gazeta do Povo
Aroldo Fonseca lamenta não dar conta do trabalho (Foto: Walter Alves/ Gazeta do Povo)

De cima de um morro em Antonina, o analista ambiental Aroldo Fonseca não consegue enxergar toda a vastidão de terras que precisa cuidar sozinho. A Área de Proteção Ambiental (APA) de Guaraqueçaba – a maior unidade federal de conservação em território paranaense – está sob a responsabilidade de um único funcionário do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), órgão encarregado de cuidar de parques nacionais e outras unidades federais. Os demais parques do Litoral do Paraná, como Superagui e Saint-Hilaire/Lange, também sofrem com quadros insuficientes de pessoal. Ao todo, o número de funcionários em todas as unidades não chega a dez.

Dentro da APA e também sob os cuidados de Aroldo estão ainda a Estação Ecológica de Guaraqueçaba e o recém-criado Parque Nacional de Bom Jesus. A área toda equivale a sete Curitibas. Isso sem contar os aproximados 500 quilômetros quadrados de estuários, manguezais, baías e pequenas ilhas que também precisam ser monitorados. Para que as unidades estivessem bem cuidadas, Aroldo calcula que seriam necessários 18 analistas ambientais e 40 guardas-parque.

Ao contrário de aumentar, o quadro de pessoal vem minguando ainda mais nos últimos meses. O chefe da APA está em licença médica desde meados do ano. Aroldo assumiu interinamente o trabalho a partir de então. E um funcionário que trabalhava na Estação Ecológica foi promovido e transferido para Brasília em novembro. Já o Parque Nacional de Bom Jesus foi criado pelo governo federal em junho sem que funcionários fossem designados. Por falta de pessoal, a Estação Ecológica de Guaraqueçaba, criada há 30 anos, ainda não tem plano de manejo – que é o documento com as diretrizes da unidade.

Vários dias por mês nem Aroldo está nas unidades. Ele mora em Curitiba e volta para casa aos finais de semana. Nos dias úteis, o escritório do ICMBio vira alojamento. De Antonina a Guaraqueçaba, de barco, Aroldo leva pouco mais de duas horas. Se for de carro, bem mais. O analista ambiental não chega a ter rotina. Faz vistorias para licenciamentos, preenche papelada de burocracias, verifica denúncias e participa de reuniões com a comunidade. "Para cada obra no Porto de Paranaguá, por exemplo, é preciso fazer um parecer", exemplifica.

Aroldo lamenta que, assim, sozinho, não consegue dar conta da demanda de trabalho. A estimativa é que por dia sejam retirados ilegalmente mil quilos de palmito e apenas 5% são apreendidos. Uma estrutura reduzida da Polícia Ambiental dá apoio às operações, mas não impede que uma das principais áreas de preservação do Brasil continue sendo pilhada.

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