Embora não tenha uma estatística precisa, a delegada Paula Brisola, do Núcleo de Repressão aos Crimes contra a Saúde, diz que a maioria das vítimas de erros médicos é de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo ela, 70% dos inquéritos envolvem a rede pública. Paula diz que é sabido que muitas vezes as condições de trabalho atrapalham o correto exercício da medicina no SUS, mas o descaso de alguns médicos é injustificável.
A delegada afirma que há médicos que aceleram as consultas pelo SUS. "Às vezes, o médico tem 30 pacientes e atende cada um em cinco minutos", critica. Segundo ela, o fato aconteceria porque os profissionais preferem correr para fazer atendimento particular em clínicas onde ganham mais dinheiro.
O corregedor do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM), Alceu Fontana Pacheco Júnior, diz que, em alguns casos, o médico do SUS acaba atendendo apenas em cima da queixa do paciente. "Isso pode gerar o aumento da possibilidade de erro", diz. Ele acredita que, como há um número grande de pessoas nos pronto-atendimentos das unidades públicas, os médicos se sentem pressionados a atender todos rapidamente. Mas Pacheco diz não proceder a acusação de que os profissionais aceleram o atendimento para atender pacientes particulares ou de convênio. Pacheco argumenta que os médicos têm plantões com horários estabelecidos fechados, o que impossibilita a saída dele. "A obrigação é atender com as melhores condições todos os pacientes."
Dicas
O advogado Alexandre Martins, que defende vítimas de erros médicos, recomenda aos pacientes que se sentirem lesados por profissionais de saúde a recolher cópia do prontuário médico. "É um raio-x de todo atendimento." Segundo ele, com as informações do prontuário, médicos-peritos poderão analisar o caso de forma mais detalhada e poderão identificar se houve erro ou não no procedimento. Durante as investigações, a polícia também verifica as informações do prontuário médico. Além de ouvir todos os envolvidos, a delegacia recorre à avaliação de peritos para se chegar a uma conslusão sobre imperícia médica.
Serviço:
Para registrar denúncias contra médicos no CRM do Paraná é necessário ir até o local. A denúncia não pode ser anônima. O CRM fica na Rua Victório Viezzer, 84, na Vista Alegre. Já o Núcleo de Repressão a Crimes contra Saúde (Nucrisa), da Polícia Civil, recebe denúncias anônimas. A unidade atende apenas casos de Curitiba. O telefone é (41) 3883-8320.
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