Depois de um mês extremamente atípico, quando o volume de chuvas foi menor que a metade do considerado normal 36mm ao invés de 80mm - setembro promete amenizar o problema de estiagem no Paraná. De acordo com o Instituto Tecnológico Simepar, a previsão de chuvas para a região de Curitiba no próximo mês é em média de 160mm, ou seja, cerca de quatro vezes mais que em agosto.
Já nestes primeiros dias do mês a frente fria - que trouxe chuva ao estado nesta quinta-feira - vai ajudar a frear a diminuição nos níveis das barragens que abastecem Curitiba e região. De acordo com o gerente de produção da Sanepar, Paulo Raffo, deve chover até sábado e o intervalo entre as pancadas é fundamental para amenizar os riscos da estiagem, já que a água se fixa mais facilmente ao sol. "A água de enxurrada não é boa, porque ela passa rápido e não dá para aproveitar na captação. O ideal é que a água entre na terra e vá para os mananciais por meio dos lençóis freáticos", disse.
Em 2005 a quantidade de chuvas registradas foi de 195mm, ou seja, acima da média histórica. Isso garante otimismo aos especialistas. "Esperamos que as chuvas retornem aos seus padrões normais, mas só isso não vai fazer com que o problema do racionamento acabe. Não é só uma chuva grande que resolve, mas sim uma seqüência de chuvas normais", explicou o meteorologista do Simepar, Samuel Braun, que refletiu a mesma análise do funcionário da Sanepar.
Todo o problema de estiagem do Paraná não foi causado pela baixa quantidade de chuvas de agosto, mas sim pela escassez desde o começo do ano. "O déficit de chuvas começou no verão de 2005/2006. Todas as estações que vieram em seguida registraram médias de precipitação muito baixas e, no final das contas, choveu 300mm a menos do que deveria ter chovido", disse Braun
Mas o meteorologista é realista. "Se você me perguntar se caso chova 300mm em setembro o problema estará resolvido, eu provavelmente diria que sim. Mas é muito difícil isso acontecer. Acredito que no decorrer da primavera, aí sim, o problema do racionamento vai finalmente acabar".
El niño pode ajudar
De acordo com o meteorologista Samuel Braun estamos vivendo um momento de transição entre o fenômeno atmosférico La Niña resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico, com a diminuição da quantidade de chuvas - para o El Niño que é o aquecimento das águas do Pacífico, com conseqüente aumento das chuvas. "Estamos nesta fase de transição, só que o El Niño deve ser mais fraco que o normal. Contudo, essas chuvas que começaram a aparecer já são reflexos de um ganho de força deste fenômeno que aquece as águas do Pacífico", conclui Braun.
Números históricos
Ainda de acordo com o Simepar, o volume de chuvas de agosto foi historicamente muito baixo. Se a média é de 80mm, até esta quinta-feira choveu apenas 34mm. O volume de chuvas mais baixo registrado no mês de agosto foi em 2003, quando choveu apenas 9mm.
Já para o mês de setembro a média é de 150mm (com uma margem de erro de 20% para mais ou para menos). O menor valor já registrado pelo Simepar foi de 52mm em 2004, mas o maior volume de chuva foi de 360mm em 1998. Em outubro, no ano passado, a média foi de 170 mm.