A falta de investimentos em infra-estrutura viária impede que o sistema de transporte coletivo de Curitiba seja mais ágil e, conseqüentemente, reduza a lotação e o espaço de tempo entre um e outro ônibus. A opinião é do presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitano (Setransp), Rodrigo Corleto Hoelzl. "Tem que melhorar a velocidade operacional dos ônibus para reduzir o tempo de viagem", afirma.

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Ele critica o sistema de canaletas exclusivas dos coletivos, um dos símbolos do planejamento do transporte público em Curitiba. Segundo Hoezl, o modelo implantado há 30 anos está ultrapassado. Não por acaso, os biarticulados que usam as vias, como as linhas Boqueirão, Capão Raso/Santa Cândida e Centenário/Campo Comprido, são os que mais geram reclamação dos usuários.

"As canaletas não funcionam mais porque têm tantas intersecções (cruzamentos com semáforo) que os ônibus não conseguem desenvolver velocidade. E no meio de cada uma ainda tem o ponto de parada. Nos horários de pico, a gente cansa de ver aqueles comboios de biarticulados um atrás do outro", diz.

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Para Hoelzl é preciso alargar as canaletas para ter pontos de ultrapassagem, construir trincheiras, investir em binários e restringir o número de veículos no centro da capital. "Toda hora a gente vê ônibus ilhados em meio a carros com só uma pessoa dentro", afirma. "É preciso priorizar o transporte público e ampliar os horários e as linhas", completa. A preocupação do sindicato tem uma explicação simples: as empresas recebem por quilômetro rodado.

O presidente do Setransp considerou satisfatório o resultado do estudo feito pela Paraná Pesquisas, que avaliou a qualidade do sistema de transporte coletivo a pedido da Gazeta do Povo. Quase 70% da população considera o sistema ótimo ou bom. "A operação do serviço, que é responsabilidade das empresas, foi muito bem avaliada", afirma. Segundo ele, a superlotação e o baixo número de coletivos nas linhas são problemas que fogem à competência das empresas.

"Não somos nós que colocamos ou tiramos ônibus das linhas. É a Urbs que controla 100% a oferta", explica Hoelzl, que aproveitou para criticar o órgão que gerencia a Rede Integrada de Transporte (RIT) no caso da decisão judicial que determinou a realização de licitação pública para novas linhas e para os 385 itinerários já existentes. "Não entendo a posição da Urbs, que vinha sempre recorrendo do processo na Justiça e agora decidiu não recorrer mais", diz.