Questionado sobre os cuidados que devem ser adotados para gravidez em razão do aumento de casos de microcefalia no país, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, sentenciou: “Sexo é para amadores, gravidez é para profissionais.” Castro ressaltou a necessidade de o casal discutir com o médico a conveniência de uma gestação no momento em que se investiga a possibilidade de o zika vírus provocar no feto a malformação. Se a decisão for engravidar, disse, o ideal é que todos os cuidados sejam adotados, tanto antes quanto durante o período da gestação.
Considerada até então uma doença rara, a microcefalia aumentou de forma nunca vista na história recente. O País contabiliza 399 casos, a maioria identificada nos últimos três meses. Somente em Pernambuco, foram notificados 268 bebês com a malformação, um indicador 29 vezes maior do que a média anual registrada no período de 2010-2014, de nove casos.
Além de Pernambuco, os nascimentos foram identificados também em Sergipe, Rio Grande do Norte, Paraíba, Piauí, Ceará e Bahia.
Não há ainda como afirmar a causa do problema, mas a maior suspeita é a de que o súbito aumento tenha sido provocado pela infecção por zika vírus da mãe, no período da gestação. Isso porque cerca de 80% das gestantes apresentaram nos primeiros meses febre, coceiras e manchas pelo corpo.
Essa possibilidade foi reforçada na terça-feira, 17, com a divulgação de um teste feito no líquido amniótico de dois fetos, na Paraíba. O resultado, antecipado pelo jornal O Estado de S. Paulo, identificou a presença do zika vírus.
O ministro argumentou que, com não há literatura sobre o assunto, é preciso ter cautela para afirmar de forma categórica que o aumento de casos é fruto da infecção pelo zika, um vírus que chegou ao país este ano, provocou epidemia no Nordeste e já está presente em 14 estados, incluindo Rio e São Paulo. “Qualquer que seja a hipótese, o cenário é gravíssimo.”
Caso a microcefalia seja de fato provocada pela infecção vertical (mãe-bebê) do zika, Castro afirmou haver risco de haver surtos da malformação em outros Estado do Brasil e em outros países.
Em visita ao Brasil, a diretora da Organização Mundial da Saúde, Margaret Chan, afirmou que a entidade está acompanhando de perto a investigação que está em curso no País. “Apesar do achado de ontem (17) ser de grande importância é preciso continuar o trabalho. A ligação entre a microcefalia e o zika ainda não está determinada” disse, referindo-se aos testes de cortão umbilical. A diretora considerou incomum o aumento de casos da doença no País e avaliou que o Brasil está tomando todas as ações necessárias.
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