Um grupo de artistas famosos realizou neste domingo (6), a Virada Ocupação, evento em apoio às escolas ocupadas em São Paulo. Criolo, Maria Gadú, Arnaldo Antunes e outros músicos se apresentaram na Praça Horácio Sabino, na Vila Madalena, zona oeste. O local escolhido fica na frente da Escola Estadual Alves Cruz, uma das unidades ocupadas. Segundo a ONG Minha Sampa, que organizou os shows, cerca de 5 mil pessoas assistiram às apresentações, apesar da chuva.
O palco intercalou apresentações e gritos de protesto dos alunos da Alves Cruz. Eles comemoraram a suspensão da reorganização e fizeram críticas ao governo estadual, com faixas e cartazes.
Primeiro a se apresentar no palco do evento, o rapper Criolo falou ao Estado sobre o movimento estudantil. “Muito nobre tudo isso que eles estão fazendo. Esses meninos não querem guerra nem briga. Eles só querem uma escola de qualidade. Será que é pedir muito?” Para ele, a ocupação das unidades pelos estudantes contrários à reorganização do ensino é uma “aula de cidadania”.
A cantora Maria Gadú também defendeu a iniciativa dos alunos. “Achei a reorganização desorganizada. Não dá para tomar uma decisão desse tamanho sem antes haver o diálogo. Primeiro é preciso ter uma base organizada para depois discutir o resto”, disse ela.
Apesar da festa, a estudante Renata de Souza, de 16 anos, que ocupa uma das escolas, disse acreditar que “não é o fim” das reivindicações. “Vamos lutar no ano que vem por uma educação de qualidade”, afirmou. Segundo ela, as ocupações ensinaram responsabilidade. “Ao mesmo tempo em que me senti autônoma pela primeira vez na vida, aprendi a trabalhar em grupo”, afirmou.
Atraída pelos shows, a artista plástica Nathalia Dalia, de 23 anos, elogiou a ação dos alunos. “Os estudantes têm muito mais força do que pensamos.”
Última hora
A organização do evento divulgou o local do palco apenas uma hora antes do início do show para pessoas cadastradas no site da ONG. O endereço foi enviado às 13 horas, via SMS. Segundo a Minha Sampa, 15 mil internautas fizeram inscrição. Todos os organizadores dos espetáculos, segundo a ONG, eram voluntários, incluindo os artistas.
A prefeitura informou que foi comunicada na sexta-feira sobre o evento, mas que só ficou sabendo do local ontem. Havia ao menos três viaturas da Guarda Civil Metropolitana no local.
Na Avenida Paulista, outro grupo fez ontem um ato contra a reorganização e a atuação da Polícia Militar. Eles se cobriram de fitas de isolamento e as romperam.
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