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Prepare-se. Em 10 anos, brindar a chegada do ano novo com sidra pode virar chique. O fim do nariz torcido diante da bebida proveniente da maçã e "prima pobre" dos espumantes está no projeto coordenado pelos professores Alessandro Nogueira e Gilvan Wosiacki, do Departamento de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), que querem melhorar a qualidade do produto, agregando valor e tecnologia à bebida.

Nogueira, que fez doutorado na França, coordena o Grupo de Trabalho sobre Maçã (GTM) na instituição, com a participação de mais de 30 membros, entre professores, pesquisadores e acadêmicos. "Nos últimos dez anos, a qualidade do vinho melhorou muito no país. Queremos fazer isso com a sidra", diz, acreditando que até 2015 será atingido o objetivo do projeto.

Para isso, o professor testa há 8 anos a tecnologia que aprendeu estudando o vinho no exterior, para dar mais sabor à sidra e repassar a técnica para pequenos e médios produtores de maçã. Além de melhorar o processo de fermentação, a técnica consiste em extrair separadamente cada nutriente da fruta e depois reuni-los novamente para realçar o sabor da bebida. O resultado é uma sidra mais aromática, encorpada, sem perda de frutose, o açúcar natural da fruta. O baixo teor alcoólico – cerca de 4%, oito graus Gay Lussac (escala que mede a quantidade de álcool nas bebidas) a menos que o vinho – é um atrativo a mais para os consumidores. "Qualquer pessoa pode tomar a sidra em uma refeição ou até mesmo comendo uma sobremesa", exemplifica.

Segundo o pesquisador, as únicas diferenças entre o vinho e a sidra são a fruta utilizada como matéria-prima (respectivamente uva e maçã) e o teor alcoólico. "Os benefícios para a saúde são iguais", afirma.

O trabalho do GTM vem sendo reconhecido com a publicação de artigos em revistas da área nos Estados Unidos e Bulgária, além de palestras na França e Uruguai. Nogueira também chegou a participar com dois artigos no primeiro livro sobre tecnologia de bebidas editado no Brasil, lançado há dois meses.

Com o projeto, que já gastou aproximadamente R$ 200 mil, o curso de Engenharia de Alimentos vem conseguindo vários recursos e equipamentos. Um deles, que custa R$ 300 mil e serve para medir e analisar com precisão alguns compostos de bebidas, chegará nos próximos dias à instituição. "Conseguimos esse aparelho por causa do projeto, mas ele irá beneficiar a todos", afirma Nogueira.

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