A Avenida Silva Jardim vai perder as vagas de estacionamento. A prefeitura de Curitiba começou ontem a mudança na sinalização para a retirada das vagas do cruzamento com a Rua Castro Alves, no Batel, até a Rua João Negrão, no Centro. Inicialmente, serão retiradas aproximadamente 360 vagas nas 18 quadras da pista da esquerda. A previsão é que a proibição passe a vigorar a patir da próxima semana. Na sequência, a via perderá as vagas do lado direito, ampliando ainda mais a sua capacidade de tráfego, que hoje chega a 4 mil veículos por hora em horários de pico movimento oito vezes maior do que a média em um dia normal no trecho da BR-277, sentido litoral.
Segundo a gestora da área de Operação de Trânsito da Urbs (empresa municipal que gerencia o trânsito da cidade), Guacira Civolani, a expectativa é de que, sem as vagas, o motorista passará a gastar 5 minutos a menos para percorrer a via. Mesma redução de tempo alcançada com a retirada do estacionamento na Avenida Visconde de Guarapuava processo iniciado em 2006 e concluído no fim de março, com a retirada das últimas vagas em nove quadras do Batel.
Na primeira etapa da alteração na Silva Jardim, a Urbs instalou ontem as novas placas sinalizando a proibição de se estacionar em dias úteis das 7 às 22 horas e das 7 às 14 horas aos sábados. Já o trabalho de repintura das faixas deve levar mais tempo por causa do tempo chuvoso. "Depois da chuva, é preciso esperar no mínimo 48 horas para que o asfalto seque completamente e receba a tinta", explica Guacira. Assim que o estacionamento for proibido na Silva Jardim, a Urbs ainda manterá agentes de trânsito por alguns dias na avenida para orientar os motoristas.
Pedestres
Dois especialistas em trânsito ouvidos pela reportagem confirmam que a iniciativa de retirar as vagas o que a prefeitura pretende implantar em outras vias rápidas (ler texto ao lado) realmente ajuda a melhorar o fluxo de veículos. Entretanto, ambos consideram que apenas a retirada do estacionamento não é o suficiente. "Tomar essa medida sozinha é beneficiar demais o motorista, em detrimento do pedestre e do ciclista", considera o arquiteto Fábio Duarte, coordenador do mestrado e doutorado em Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica (PUCPR).
Duarte explica que a retirada das vagas cumpre a premissa do poder público em atender o máximo de cidadãos. "Se uma pessoa deixa o carro estacionado em uma via rápida, ela pode usar por horas um espaço que poderia ser compartilhado por muitos", explica. Entretanto, o arquiteto defende que seria mais eficiente que fossem feitas ciclovias e melhorias nas calçadas das vias onde as vagas foram retiradas. "Isso beneficiaria inclusive o comerciante, pois o público circularia mais fácil pela frente dos estabelecimentos", argumenta.
Já o engenheiro civil Luiz Cláudio Mehl, membro do Conselho Consultivo do Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), chega a comparar as vias rápidas com o sistema cardiorrespiratório. "Chega um momento que é preciso desobstruir a veia para que o sangue circule. É a mesma coisa com as vias rápidas em relação às vagas", afirma. Porém, Mehl considera que a retirada do estacionamento deveria vir com melhorias no sistema de transporte público. "Isso seria o ideal para forçar o cidadão a deixar o carro em casa", enfatiza.