A reconstituição do crime que resultou na morte do delegado José Antonio Zuba de Oliva, no camping Olho Dágua, em balneário Carmery, no município de Pontal do Paraná, mostrou quais suspeitos teriam atirado contra o policial e o servidor municipal Adílson da Silva, também assassinado. Toda simulação do crime, ocorrido no dia 24 de agosto, foi realizada ontem em duas versões, contadas pelas investigadoras Noely de Fátima Avine e Luiza Helena Santos.
As duas acompanhavam o delegado e o servidor na abordagem, quando foram recebidos a tiros por Francisco Diego Vidal Coutinho, 20 anos, Paulo Roberto Pereira Quintal, o Tutancamon, 36, Felipe "Tex" e Paulo "Gaúcho" naquele dia. A quadrilha estava fortemente armada e teria ligações com a facção criminosa carioca Comando Vermelho.
Coutinho e Tutancamon não quiseram participar da reconstituição porque, pela lei, não são obrigados a produzir provas contra si. Os outros dois envolvidos foram mortos durante confronto com a polícia dias depois do crime, quando o grupo fugia por Pirabeiraba, distrito de Joinville (SC).
De acordo com o delegado-chefe do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), Hamilton da Paz, a simulação, em princípio, apontou que Tutancamon atirou contra a investigadora Noely. "Tex" e Tutancamon teriam disparado contra o servidor e o delegado. Coutinho teria atirado contra Luiza Helena, que conseguiu imobilizar o bandido. Gaúcho então foi para cima dela, que se escondeu. Coutinho e Tutancamon, no entanto, acusam os colegas mortos de serem os autores dos disparos que mataram o delegado e o servidor.
"A reconstituição serve para buscar a verdade do que ocorreu e confrontar versões. Ela é imprescindível", explica o juiz de Matinhos, que ficará responsável pelo caso, Leonardo Bechara Stancioli. Ele também assistiu ao procedimento com o intuito de conhecer mais detalhes.
Além dele e da promotora de Matinhos, Carolina Dias Aidar de Oliveira, cerca de 30 pessoas, entre policiais civis, militares e peritos do Instituto de Criminalística participaram do procedimento.
O laudo sobre a reconstituição deve ficar pronto entre 15 e 30 dias. O documento deve ser anexado no inquérito e encaminhado ao MP.
Denúncia
A esposa de Adílson, Giane, disse que, no dia do crime, o marido recebeu uma denúncia de que havia suspeitos no camping. No entanto, ela diz que não pode contar quem teria feito a denúncia. A proprietária do camping é a irmã de Adílson, Maria do Rocio. Ela afirma que ninguém do local denunciou a presença dos suspeitos no camping e que não sabe por que a polícia apareceu para realizar a abordagem.
As investigadoras Noely e Luiza Helena estão de licença e ainda não há data para retorno. Segundo o delegado-chefe do Litoral, José Sudário da Silva, há expectativa de que um novo delegado assuma a unidade de Pontal do Paraná na semana que vem. O nome ainda não foi definido. Por enquanto, o delegado Tadeu Bello acumula a função com a coordenação da delegacia de Matinhos.
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