Depois da terceira reunião de negociação frustrada, o Sindica­­to dos Motoristas e Cobradores nas Empresas de Transporte de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) ameaçou endurecer e iniciar greve se não houver um acordo sobre o reajuste salarial até o próximo dia 19. Está marcado para essa data um quarto encontro, mediado por um juiz e por um promotor do Tribunal Regional do Trabalho no Paraná (TRT-PR), para decidir sobre o salário dos cerca de 6 mil cobradores e 5,5 mil motoristas, que trabalham em 27 empresas de ônibus.

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A categoria pede o reajuste da inflação no último ano (4,11%), de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), além de um aumento real de 5%. O salário médio é de R$ 1.350 para motoristas e de R$ 810 para cobradores.

O Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) diz que não nega o aumento, mas quer prorrogar o acerto para maio. Isso porque o sindicato patronal acredita que há insegurança para negociar por causa do edital de licitação das linhas de ônibus, aberto pela Urbanização de Curitiba (Urbs) no fim de dezembro de 2009. Em nota, o Setransp disse acreditar em um acordo, sem a necessidade de uma paralisação: "Esperamos chegar a um acordo antes dessa data (dia 19), contando com o bom senso de todos para que uma solução negociada seja encontrada".

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Para o presidente do Sindi­moc, o vereador Denílson Pires (DEM), é injusto vincular a negociação salarial com a licitação das linhas de ônibus, promovida pela prefeitura de Curitiba. "Não podemos ficar reféns. Não podemos 'pagar o pato' do edital", desabafou. Ele disse que dia 19 é a última chance para um acordo antes de uma greve. "Será a reunião derradeira."

Além do aumento de salário, o Sindimoc quer ainda a garantia da Urbs, empresa que gerencia o transporte coletivo em Curitiba, de que as empresas vencedoras do processo de concorrência sejam obrigadas a contratar os atuais funcionários do sistema com as garantias trabalhistas já conquistadas, caso sejam novos grupos empresariais a operar as linhas de ônibus. Os motoristas e cobradores têm, por exemplo, direito a cesta básica e a um anuênio de 2%.

Paralisação

A última greve de motoristas e cobradores em Curitiba foi no dia 7 de março de 2006, quando a categoria cruzou os braços durante 24 horas e mergulhou o transporte público de Curitiba no caos. Cerca de 1,8 mil veículos, de 390 linhas, pararam naquele dia e cerca de 2 milhões de pessoas ficaram sem transporte. Muitos precisaram ir e voltar do trabalho a pé ou de carona.

Até mesmo os táxis não deram conta da demanda ao longo da paralisação. Apenas algumas linhas de ônibus circularam, apesar de a Urbs ter determinado ao sindicato patronal e dos trabalhadores a manutenção de 50% da oferta normal de ônibus durante o período de greve. Na época, o impasse se deu porque motoristas e cobradores reivindicavam reajuste de 11% e as empresas ofereciam 5%.

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Procurada pela reportagem, a assessoria da Urbs informou ontem que a empresa não se manifestará sobre o assunto.