O Sindicato Estadual dos Profissionais de Ensino (Sepe) vai entrar com uma representação na Justiça contra a Prefeitura do Rio por crime de responsabilidade pela morte do estudante Wesley Guilber Rodrigues de Andrade, de 11 anos, na sexta-feira (16).
De acordo com a direção do sindicato, a entidade tem feito várias denúncias e cobranças ao governo municipal e alertado para os problemas da violência nas escolas.
Os representantes do Sepe afirmam que um dossiê, relatando vários casos, foi entregue aos órgãos governamentais e ao Ministério Público sobre os problemas da insegurança nas escolas, seja na parte interna ou externa dela.
"Esse episódio do Wesley é mais uma prova do aumento da violência que ameaça profissionais e alunos nas escolas públicas do Rio", afirma a coordenadora do sindicato, Édna Félix.
O menino foi atingido por uma bala perdida dentro de uma sala de aula no Ciep Rubens Gomes, em Costa Barros, no subúrbio, e já chegou morto ao Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes.
Cabral lamenta a morte do menino Wesley
O governador Sérgio Cabral disse, no sábado (17), que a estratégia da operação policial, que resultou na morte do menino estava errada.
"Se faz uma operação como aquela, com troca de tiros, luz do dia, com um Ciep funcionando, no meio de um confronto como esse, se for absolutamente impossível evitar. Não era o caso. Poderia ter sido feito em outro momento. Houve um erro na operação", disse ele.
O governador lamentou profundamente a perda de uma vida e reafirmou que o Governo do Estado vai seguir firme na luta pela pacificação.
Pai se emociona no enterro do filho único
Durante o enterro do filho único, o pai, Ricardo Freire, estava inconsolável. "Veio de tão longe para morrer aqui", disse, lamentando ter trazido a família de Pernambuco para que o filho se tornasse mais uma vítima da violência no Rio de Janeiro. Segundo Ricardo, o menino nasceu no Recife, e morava no Rio há 4 anos.
Professores doentes
Entre os relatos de violência feitos no dossiê, estão depoimentos de professores que foram afastados por problemas de saúde, alguns deles, acometidos de Síndrome de Burnout (distúrbio psíquico de caráter depressivo).
O sindicato propõe, no documento, a reforma dos prédios localizados em área de risco, com a construção de paredes reforçadas e vidros blindados.
Um dos trechos do dossiê ressalta a situação de perigo em escolas dentro de comunidades.
"É de domínio público que tiroteios ocorrem com certa frequência nestes locais e que por muitas vezes nossas escolas já foram atingidas ou tiveram que interromper suas atividades em função do clima de guerra. Os profissionais vivem diversos momentos em que precisam sair de suas salas de aula para procurar proteção nos corredores dos andares, escadas ou banheiros."
Diante das denúncias, a Secretaria municipal de Educação anunciou um plano de emergência para treinar professores, funcionários e alunos de 200 escolas municipais de acordo com mapeamento de unidades localizadas em áreas de risco - para que eles saibam como agir em situações de conflito, como tiroteios entre criminosos e policiais.
O curso se propõe a ensinar como deixar as salas de aula da maneira mais segura e se abrigar em locais em que o grupo possa aguardar o cessar fogo.
Para o Sepe a medida está distante da realidade que os profissionais vivem. "Nossos profissionais não são policiais e nem bombeiros para fazerem este tipo de treinamento, além de não haver a menor estrutura física e humana nas escolas para garantir segurança de verdade", afirma a direção da entidade.
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