O sistema de travamento de portas do ligeirinho da linha Araucária, em que viajava a auxiliar de serviços gerais Cleonice Ferreira Gouveia, de 29 anos, não tinha falhas. Esse é o resultado mostrado pelos laudos de duas perícias divulgadas ontem. Uma foi realizada pelo Instituto de Criminalística e a otra pela Urbs, empresa que gerencia o transporte coletivo em Curitiba e região. Cleonice morreu no último dia 28 depois que a porta do ônibus se abriu com o carro em movimento. A auxiliar de serviços gerais foi atropelada pelo próprio veículo.
Mesmo com a divulgação do resultado da perícia, o caso está longe de ser elucidado. De acordo com o delegado titular da Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran), Armando Braga de Moraes Neto, o acionamento de um sistema de emergência localizado no compartimento superior às portas pode explicar o acidente. "A conclusão a que eu e os peritos chegamos foi essa", conta.
De acordo com o delegado, contudo, uma testemunha que estava ao lado de Cleonice no momento do acidente e que ainda tentou segurá-la antes que ela caísse afirma que o painel não foi tocado por ninguém. Segundo Moraes Neto, a hipótese de a porta ter sido aberta pelo motorista está descartada porque o ônibus tem um dispositivo que impede que isso ocorra com o veículo em movimento. Além disso, o sistema de emergência que poderia ter sido acionado não fica ao alcance do condutor.
Segundo Moraes Neto, as investigações prosseguem. "Até o momento, ainda não é possível chegar a uma conclusão do que possa ter acontecido", diz. O resultado de outros dois laudos, o do local e o de necropsia, ainda não ficaram prontos. Mesmo assim, eles não devem ajudar a desvendar o que aconteceu, segundo o delegado. Até o momento, foram ouvidos pela Dedetran: o motorista do ônibus, fiscais de segurança da Urbs, policiais militares, o marido de Cleonice e uma testemunha. Com este panorama, o caso pode ficar sem solução, já que apenas uma testemunha ocular foi ouvida pela polícia e não há informações de quem teria acessado o sistema de segurança. Outro ponto sem explicação refere-se ao próprio sistema de segurança.
Dias depois do acidente, a empresa Sulbrave, que comercializa as carrocerias Marcopolo utilizadas pelos ligeirinhos, fez uma demonstração para a imprensa do funcionamento do sistema de segurança do veículo e do sistema de emergência localizado no compartimento que fica em cima da porta. De acordo com a apresentação, o sistema de emergência consiste em uma alavanca vermelha que, ao ser puxada, faz com que as portas do veículo percam a pressão e possam ser abertas facilmente.
Segundo o delegado Moraes Neto, está não é a alavanca de emergência a que se refere o laudo. Trata-se de uma outra alavanca localizada no mesmo compartimento. O funcionamento dela também seria diverso, de acordo com o delegado. Segundo ele, ao ser pressionada, uma das portas dos ônibus é destravada e pode ser aberta se for utilizada força. "Constatamos que somente uma das portas se abriu no acidente, por isso a conclusão de que esta seria a válvula acionada", explica Moraes Neto.
A Sulbrave foi procurada pela reportagem, mas não quis se pronunciar sobre a existência ou não de um segundo sistema de segurança e sua localização exata. A empresa de ônibus Araucária também preferiu não se manifestar enquanto não tiver acesso ao laudo.
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