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Morte de mulher não foi explicada

O primeiro acidente envolvendo o transporte coletivo de Curitiba a chamar a atenção foi a morte da auxiliar de serviços gerais Cleonice Ferreira Gouveia, 29 anos, que caiu de um ônibus ligeirinho em movimento e foi atropelada pelo próprio veículo. Na época a Urbs informou que investigaria o acidente, mas até hoje não se sabe o que levou a porta abrir. Um pouco antes, em novembro de 2008, um biarticulado bateu em um carro na Visconde de Guarapuava e invadiu uma loja de motos, deixando três pessoas feridas.

Em junho do ano passado, o motorista de um ônibus ligeirinho perdeu o controle do veículo da Praça Tiradentes, subiu na calçada e entrou em uma loja de roupas. Dois pedestres foram atropelados e morreram na hora. Outras 32 pessoas ficaram feridas, duas delas em estado grave. Em outubro, onze pessoas se feriram em um acidente na Visconde de Guara­puava, quando um biarticulado bateu em um caminhão guincho. Mais recentemente, no dia 8, 40 pessoas saíram feridas de uma batida envolvendo um biarticulado e um ligeirinho na esquina da Rua André de Barros com a Travessa da Lapa.

O Sindicato da Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropoltiana foi procurado para comentar o resultado do pesquisa, mas até o fechamento desta matéria ninguém havia retornado o pedido de entrevista.

Para especialistas em transporte coletivo, os acidentes envolvendo ônibus nos últimos anos são apenas a ponta do iceberg de um sistema cada vez engessado e estagnado. O Bus Rapid Transit (BRT) – modelo de transporte com veículos articulados ou biarticulados que trafegam em canaletas específicas ou em vias elevadas – deixou de ser considerado "modelo" durante a última década.

Para o engenheiro civil Roberto Ghidini Junior, autor de uma tese de doutorado pela Universidade de Madri, na Espanha, a falta de investimentos, o modelo que encara o transporte com mais um negócio e o direcionamento de políticas favoráveis ao uso do carro levaram o sistema ao colapso. "O Conselho Municipal de Transporte e a Câma­­ra Municipal não cumprem o papel de órgãos fiscalizadores", diz. "O Ippuc deveria parar de in­­­duzir demandas e agir com mais seriedade, realizando uma pesquisa sobre origem e destino."

O economista e professor La­­faiete Santos Neves, autor do livro "Movimento Popular e Transporte Coletivo em Curitiba", avalia que o transporte público estacionou. "A população cresceu e o planejamento não acompanhou." Para ele, a sociedade perdeu uma chance de mudança com a licitação que aconteceu em 2010. "Perdemos a chance de mudar as empresas que estão operando desde a década de 1970. Foi uma licitação direcionada, sem mudança significativa."

Marcos Isfer, presidente da Urbs, garante que só a superlotação nos horários de pico. "O sistema trabalha na capacidade plena, com seis passageiros por metro quadrado, conforme a lei. A lotação nos horários de pico acontece em todo o mundo", afirma. Uma forma de diminuir a lotação, segundo Isfer, seria empresas e instituições de ensino alterarem seus horários, para diminuir o fluxo no mesmo horário.

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