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Brasília – A situação da Varig já é vista como insustentável. Analistas que tiveram acesso aos números da empresa afirmam que os dados mostram um paradoxo mortal: quanto mais ela sobrevive, pior fica sua situação financeira. Apenas nos dois primeiros meses deste ano as dívidas da empresa cresceram R$ 70 milhões. Seu fluxo de caixa entrou no negativo em março, o que significa que ela não está conseguindo sequer gerar receitas suficientes para cobrir as despesas correntes. Em março, esse buraco chegou a US$ 23,83 milhões. A projeção é que este mês o déficit atinja US$ 98,2 milhões e encerre o ano totalizando US$ 365,81 milhões.

Este quadro poderá precipitar o fim da empresa. A Varig hoje, além de carregar uma dívida de mais de R$ 8,2 bilhões, continua se endividando e vem perdendo mercado de forma acelerada. Enquanto o mercado de aviação civil cresceu cerca de 20% no ano passado e aproximadamente 15% em 2004, a Varig só fez encolher.

É com base nesta realidade, avaliada como irreversível, que os técnicos do governo que acompanham de perto a crise na Varig afirmam que não há a menor possibilidade de usar dinheiro público para tentar salvá-la, como foi feito em anos anteriores.

No fim de fevereiro, somente com o pagamento de impostos e contribuições, a Varig acumulava uma dívida de R$ 3,46 bilhões. Técnicos do governo afirmam que essa dívida é dinheiro público e que insistir em pôr mais recursos dos contribuintes na empresa seria gestão temerária.

Analistas de mercado já vislumbram pelo menos três situações em que a Varig poderá, a qualquer momento, ficar impedida de voar.

A primeira é a decretação da falência pelo juiz Roberto Ayoub, da 8.ª Vara Empresarial, em que está o processo de recuperação judicial da empresa – que não vem cumprindo o acordo assinado na Justiça.

O golpe de misericórdia na Varig também poderá vir de qualquer credor que decida entrar na Justiça com um pedido de falência da companhia. A terceira situação que poderá levar ao fim da Varig é as empresas de "leasing" (verdadeiras donas dos aviões usados pela companhia) iniciarem um movimento em cascata de retomada das aeronaves.

Outro fantasma que ronda a Varig é a estatal Infraero, que administra os aeroportos do país. Em setembro de 2005, Varig e TAM questionaram na Justiça o recolhimento de taxas e suspenderam o pagamento.

A sentença, porém, foi desfavorável às empresas. A TAM quitou o débito, mas a Varig ficou com a dívida de R$ 224 milhões.

Além disso, a participação da Varig no mercado está recuando. Neste mês, o índice já teria caído dos 18,7% de março para 16%. No mercado internacional, a empresa passou de 79% em 2005 para 73% hoje.

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