A situação vivida pelos conselheiros tutelares de São José dos Pinhais também é comum na capital e região metropolitana. Em Colombo, a conselheira Marina Pinto diz que as ameaças de traficantes são constantes. "Lidamos com crianças que estão em risco e em contato direto com o tráfico." Ela conta que certa vez após abrigar um menino recebeu a ligação de uma pessoa que supostamente queria fazer uma denúncia e pediu um encontro em um local deserto. "Sabíamos que era alguém querendo se vingar."
Jussara Gouveia, conselheira da Regional Pinheirinho, em Curitiba, também sofre ameaças. "Duas pessoas já vieram armadas aqui conversar com a gente." Ela é vice-presidente da Associação Estadual de Conselheiros Tutelares e afirma que no interior ocorrem os mesmos problemas. "Já tivemos até casos de assassinatos." Jussara diz que no início do ano uma colega foi recebida com tiros em uma comunidade de baixa renda. "Temos de deixar claro para a família que queremos garantir os direitos da criança e que não somos a polícia", diz.
O Conselho Tutelar de Almirante Tamandaré também é alvo de ameaças, mas elas não são constantes pela falta de infra-estrutura, que impossibilita um trabalho mais efetivo. "O município é muito carente de tudo. Falta carro e local adequado. Se mexermos com o tráfico, com certeza teremos mais ameaças", afirma Rosana Cordeiro. Dos cinco conselheiros eleitos na última gestão, somente um continua desde o início. "O pessoal não agüenta ficar aqui muito tempo."
Conselho
O Conselho Tutelar foi criado com o Estatuto da Criança e do Adolescente e tem a missão de zelar pelos direitos da infância. Os conselheiros atendem casos de violações da lei, aplicam medidas protetivas e também fazem requisição de serviços. O órgão atua diretamente com as crianças que têm direitos violados e suas famílias. Tem autonomia em relação ao Poder Executivo, ou seja, pode agir sem interferência externa, mesmo estando ligado às prefeituras. É composto por cinco conselheiros que são eleitos pela comunidade e ficam no cargo por três anos.
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